quinta-feira, 10 de novembro de 2022

PALHAÇA

Chora palhaça da vida
Perdida, iludida
Cansada e tão só.
Chora, poetisa falida
Contista sofrida
Soneto sem rima
De uma vida fugidia.
Lamenta. Procura, espera
Cala, consente, permite
Sofre, consola, se irrita
Pede, rebate, defende.
Forte, bonita, sadia
Árvore erguida, majestosa
Pássaro caído, doído
Asa quebrada, coitada.
Canta, sorri, dança
Chora, se dobra, rola
Pede, implora, suplica
Morre, revive, reprime.
Chora, palhaça da vida
Grita, ataca, agride
Cala, consente, permite
É uma palhaça da vida.
Quem sabe um dia
Livre das crueldades imposta
Não mais se sinta uma palhaça da vida.
Poema extraído do livro Força Estranha-1988 – Regina Carvalho- Ed. Arte Quintal.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

INVISÍVEIS CORDÕES DE ISOLAMENTO

Nos últimos cinquenta anos, fui registrando e na medida do possível à minha formação de pessoa, as novidades, aparando aqui e ali, na tentat...