sexta-feira, 11 de novembro de 2022

POMAR DE AMOR

Quando ainda jovem balançando meus pés de adolescente nas águas cristalinas de meu riacho de Guapimirim, cercada daquela vegetação variada e absolutamente linda e envolvente, minha alma ou espírito, não sei bem, foi deixando todas aquelas forças energéticas de forma inconsciente, irem adentrando em minha mente e formatando o meu conceito de amor.
Nas seguintes experiências fui conscientizando-me das muitas variedades que este sentimento poderia se apresentar na minha vida e a cada, fui sorvendo com avidez das paixões especiais e únicas, cada qual, na sua apresentação e momento, tatuando as minhas emoções na minha forma de ser e de vivenciar a vida.
O tempo passou, a bagagem se avolumou em todos os sentidos, mas o amor, permaneceu intacto na memória e na pele, levando-me a reconhecê-lo com apenas um olhar, como se o pudesse sentir nas apenas lembranças, sem que um interferisse no outro, mas se integrassem numa formação divina de contínuo estase.


E aí, neste estágio outonal de minha vida, onde diariamente vão saindo de cena minhas referências, recuso-me a admitir que o amor, assim como elas, possa também morrer, crendo sinceramente que as levarei comigo, quando, finalmente, deste plano eu me despedir, já que creio que apenas a matéria fenece, mas não as vibrações das energias que produzimos e mantemos, seja lá por quanto tempo, tenhamos ficado nesta espetacular expressão de vida.
Gosto de pensar, trazendo para o aqui e agora, através das lembranças em mergulhos profundos e absolutamente deliciosos, cada instante em que o meu coração disparou, meu corpo amoleceu e meus olhos brilharam mais intensamente, diante de algo ou alguém.
Comparo cada um dos meus amores à bendita natureza que me foi apresentada e que eu decidi que seria minha mestra pela sabedoria, minhas margens pela diversidade, minhas intenções pela resistência.
Então, por serem tão dinâmicos e reais e por jamais terem sido volúveis, cada qual a seu tempo, saboreio as mangas carnudas, os doces de coco ou as explosivas jabuticabas como se fossem únicos e indispensáveis frutos amorosos, desta minha vida nada convencional.
Será que é por esta razão que vivo sorrindo e achando a vida bela sem permitir que as perdas, dúvidas enganos e as dores, tirem de mim a capacidade de apenas, amar?
Deduzo que o amor não morre, quando de verdade ele nos representa, se reconfigurando em outras circunstâncias e paisagens.

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