sexta-feira, 25 de novembro de 2022

ALMAS SEM AMARRAS...

O amanhecer está ensolarado e abusadamente musical, afinal, enquanto lá fora os pássaros desempenham seus cantos com harmonia, numa orquestra sem aparente maestro, cá estou com fones de ouvido, curtindo um saxofone e um piano que juntos, numa sincronia perfeita, atravessam meus tímpanos e adentram por todo o meu ser.

 Este compasso suave, me faz vez por outra fechar os olhos e parar de escrever, a fim de sentir a melodia ir percorrendo os filamentos do meu corpo, levando-me a provar mais uma vez o que talvez, seja uma forma de meditação.


Esse estado de absoluto relaxamento, induz-me a pensar que este extremo prazer, seja a plenitude que há muitos anos atrás, propus-me a alcançar, crendo por pura intuição que somente eu, seria capaz de encontrá-la, se me permitisse adentrar nos labirintos de mim mesma, não sem medo, mas com a determinação, aquela mesma que impus infinitas vezes ao racional, na busca de tantos fugazes e muitas vezes inúteis quereres.

A musicalidade que extraí da natureza ainda criança, nunca mais saiu de dentro de mim e aí, a criatividade que naturalmente brotou e foi se desenvolvendo ao longo da vida, transformou-me em maestro, cuja maior tarefa seria, tão somente, harmonizar os muitos instrumentos que participam da imensa orquestra que, afinal, é o meu todo físico e mental de criatura humana.

Os pássaros cantam lá fora, o jazz desliza em meus ouvidos, ambos fazendo de meu corpo e mente, palco para mais uma exibição da paz que de tão explícita, neste exato instante, faz brotar um sorriso de gratidão por me sentir plenamente existindo e abraçando o melhor do mundo em mim, sem qualquer amarra que me impeça.

Bom dia pra você que me lê com uma gotinha da paz que recolhi da vida para lhe oferecer, esperando que ela seja a blindagem contra tudo que possa querer invadir e aprisionar a sua linda e poderosa alma.

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