Não sei se o mesmo acontece com você que me lê, mas no meu caso, meço minhas paixões de acordo com a minha capacidade em dominá-la, não importando se são boas ou detestáveis, sim porque, nos habituamos a associarmos a paixão ao amor ou a algo que nos inebrie, no entanto, este sentimento envolvente, faz parte da natureza humana sempre aflorada nas emoções, bastando um olhar, uma palavra, uma ação para que exploda e domine também de forma maléfica completamente a razão.
Penso que absolutamente nada que nos inspire emoções apaixonadas, pode permanecer livre, tornando-se por todo o tempo, mandatário dos limites de nossa sensibilidade que, na realidade são os poderosos sensores de nosso bem-estar.
Partindo do princípio de que tudo que é demais acaba brochando em algum momento, a arte de existir sempre apaixonada(o), vai depender da capacidade individual de se manter o equilíbrio, aliás, como o tudo mais desta vida.
Se a paixão é amorosa, esticar um pouquinho seu tempo de permanência com certeza é bom demais e não faz mal a ninguém, deixando sempre um espaço para reacendê-la de tempos em tempos, através da bendita criatividade que, com certeza, a natureza sempre generosa nos abasteceu e aí, seu prazo de validade se estende a perder de vista.
Todavia, se seu estado de paixão, dispara seu temperamento raivoso, despertando sentimentos absolutamente danosos como a raiva e a mágoa e até mesmo tristeza e dor, fazendo com que o seu lado ferido se acentue e nada, absolutamente nada, seja capaz de evitar, que a uma apenas lembrança, seja capaz de como se fosse um chicote, reviver sentindo as mesmas sensações angustiantes, penso que é chegada a hora de repensar se vale a pena.
Afinal, permitir que algo ou alguém que o tenha estuprado emocionalmente, continue a fazê-lo por todo sempre, não é inteligente e tão pouco sadio.
Lembro de um sábio conselho que me foi oferecido, quando ainda menina, chorava por alguma razão que agora não lembro exatamente qual foi, mas que minha sábia tia Hilda, carinhosamente, me fez escrever o problema num pedaço de papel e em seguida, ajudou-me a fazer um buraquinho num canteiro de plantas e, juntas o enterramos, não sem ela ao final, dizer:
Pronto Regininha, agora você o enterrou, seu problema acabou...
Claro que já naquela época eu questionava sem cerimônias e logo argumentei:
Mas e se eu quiser ver outra vez?
Ela sorriu e pacientemente me respondeu:
Você sempre poderá desenterra-lo, mas se o deixar quietinho, a dependendo do tempo que tiver sido enterrado, terá se transformado em poderoso adubo e estará por toda a sua vida lhe servindo de alimento.
E dizendo isso, apontou para a minha cabeça e em seguida para o meu coração.
Bendita tia Hilda que naquele instante, ensinou-me na simplicidade dos toques mágicos de um ser amoroso, a não reter emoções, deixando-as seguir seus naturais cursos como o tudo mais, que tem início, meio e fim.
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