Especializei-me na adaptação existencial, mas se tem algo que jamais me acostumarei é justo com o céu acinzentado por longos dias, entretanto, nesta manhã, o belo e impactante azul deste céu bendito de Santa Catarina, encheu meus olhos e alma de alegrias.
Que bom meu Deus!!!
Afinal, quando ele assim se mostra, tudo fica mais bonito e viçoso e aí, olhando para ele, impossível não lembrar de meu Roberto que ficou impressionado com a potência deste azul. Pois é, fazem dezesseis meses que ele se foi deixando um cordão de pérolas de lembranças incríveis.
Enquanto escrevo, ouço Ave Maria de Gounod e com o coração em paz, agradecendo pelas mais de cinco décadas de incrível parceria, onde os principais ingredientes para uma sólida união, jamais faltou.
Percebo em mim que em momento algum, senti ou sinto tristezas, seria impossível ter qualquer sentimento que não fosse de alegrias e gratidão por ter tido o privilégio de dividir minha vida com ele, já que sempre conversamos muito sobre a suposta morte, apenas lamentando que ela representaria um adeus a vida que para nós, era um privilégio inenarrável.
E aí, fico tentando vê-lo como um pássaro que ele adorava, uma planta, uma estrela, um grão de areia, pois, acreditávamos que morrer seria apenas, mudar de configuração e então, procuro-o com a curiosidade que sempre me caracterizou no tudo do todo que posso sentir, ouvir ou simplesmente enxergar.
Não existe tristeza, quando deixo escorrer as abundantes lágrimas, cegando-me parcialmente, mas, com certeza, dando vazão as profundas saudades do parceiro do bom dia ao boa noite e mais do que nunca, do confidente amoroso que sabia ouvir, mas acima de tudo, compreender cada detalhe das minhas necessidades de escrevinhadora porra louca deste universo fantástico e, como um mestre dedicado, aparava os excessos, sugeria caminhos, corrigia meus erros gramaticais, rindo e chamando-me de leitora preguiçosa que jamais se ateve as virgulas e as concordâncias, restringindo-me tão somente, a mensagem dos conteúdos.
E ele dizia então: Como será se eu morrer primeiro?
E eu respondia: Não se atreva a me deixar sozinha neste mundo...
Ele se atreveu e cá estou desde então, escrevendo sem ele.
Será?
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