Novamente na
paz da minha Itaparica, posso afirmar com todo o embasamento possível que este
é o melhor lugar para se viver, naturalmente, para aquelas pessoas que, como
eu, apreciam a paz, o bendito silêncio, ainda existentes para desfrutar.
Por outro
lado, não posso de sã consciência desconsiderar que em alguns locais desta
mesma cidade, esta paz é coisa do passado e que, na maioria das vezes, as pessoas
sem qualquer outra opção são obrigadas a conviver, moldando suas vidas ao
horror da violência que sorrateiramente se esconde e se mostra com mil faces
diferentes, sempre que lhe é conveniente.
Assim,
olhando de passagem, o sol brilha, as crianças brincam, o mar continua manso e
quentinho, deixando transparecer uma calma há muito perdida e um quê de
bucólico, só existente nas lembranças de um tempo onde tudo era diferente,
mesmo que com uma aparência de muito atrasada em relação às outras em que a
modernidade se fazia presente.
E aí, penso
no preço que se paga pelo progresso, assim nem tão expressivo e agregador, que
chega sem pedir licença e que, ao invés de abrir portas e janelas, financia as
grades e o medo, destruindo direitos e privando toda e qualquer forma de
liberdade, sem que se tenha tempo para avaliar todas as perdas que se sucedem.
E aí, penso
no poder do bem que também há muito sucumbiu às forças deste mal miserável, hoje,
mais do que nunca, estimulado pela falta de consciência e atitudes de defesa,
optando-se pela omissão, encolhido no próprio medo, restando Deus e a Bíblia
como alento a tantas dores.
E como na
realidade não sou usuária atualmente de nenhuma destas opções salvadoras, penso
que só mesmo apoiando as boas iniciativas e cobrando as inércias, expondo-me,
mesmo com medo de ser feliz é que posso, de cabeça erguida, mesmo ostentando
grades em minhas portas, gritar com a minha participação constante, pedindo
socorro, na esperança de que o eco do mesmo chegue se não nos ouvidos, pelo
menos na consciência daqueles de direito.
Afinal,
penso que a tão buscada liberdade é antes de tudo um propósito que nasce de
dentro para fora, cercado de valores morais e éticos que o tempo e o progresso
não possuem destruidores braços longos para alcançar.
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