Chora,
palhaça da vida
Pedida,
iludida
Cansada e
tão só.
Chora,
poetisa falida
Contista sofrida
Soneto sem
rima
De uma vida
fugidia.
Lamenta,
procura, espera
Cala,
consente, permite
Sofre,
consola e se irrita
Pede,
rebate, defende.
Forte,
bonita, sadia
Árvore erguida,
majestosa
Pássaro
caído, doído
Asa quebrada,
coitada.
Canta,
sorri, dança
Chora, se
dobra, rola
Pede,
implora, suplica
Morre,
revive, reprime.
Chora,
palhaça da vida
Grita,
ataca, agride.
Cala,
consente, permite
Como uma
palhada da vida.
Quem sabe um
dia revide
As crueldades
que lhe impõem
E aí, quem
sabe, se sinta alguém
E não mais
uma palhaça da vida.
Poema
escrito em 1974 – Brasília- 23.00hs
Parte do
livro Força Estranha- Regina Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário