Estou aqui,
logo bem cedinho, olhando as postagens no face e atenho minha atenção em uma sessão
da Câmara de Vereadores de uma certa cidade em que se discute a redução
salarial dos mesmos, e aí, imediatamente penso no quanto são perversas as
nossas leis, mas, acima de tudo, o quanto nós, enquanto povo, somos
inconsequentes em permitir desde sempre distorções que tornam grande parte
delas, absolutamente imorais.
A lista é
interminável de brechas que incentivam todo tipo de adaptação interpretativa,
mas todas com uma lógica subtendida, silenciosa e corrosiva que é a falta de
equidade em se tratando de proteger verdadeiramente os interesses do povo,
reservando todas as nuances de benefícios a uma casta de privilegiados que, com
diferentes vestimentas, não só as fazem, como as interpretam a seus gostos e
interesses.
Penso também
nas gigantescas incoerências que se mostram a cada instante e que, por
ignorância também de várias espécies, são aceitas desde sempre.
Imagine um
povo pobre, carente de quase tudo, aceitar que um vereador, em sua maioria sem
ter sequer o fundamental completo e que comparece na Câmara onde trabalha, um
ou dois dias por semana, ganhe mais que um professor de nível universitário, muitas
vezes portador de mestrado e até doutorado, ou que um juiz cujo salário já é absurdamente
elevado para a realidade brasileira, ainda receba ajuda moradia e se for casado
com uma juíza, que também ela receba, mesmo ambos morando na mesma residência e
própria, enquanto um pensionista do INSS que recebe salário mínimo e ainda paga
aluguel, não possa ter os mesmos privilégios.
Como admitir
que profissionais como dentistas, psicólogos, assistentes sociais,
nutricionistas e tantos mais que investiram em estudos no mínimo 15 anos,
ganhem inexplicavelmente menos que os ilustres vice-prefeitos, chefes de
gabinetes, diretores e coordenadores disto ou daquilo?
Como aceitar
que os policiais que arriscam suas vidas a cada instante recebam salários tão
precários, precisando morar nas periferias e guetos das suas cidades?
Como eu
disse anteriormente, a lista é interminável de distorções que com seus
tentáculos abraça todas as instituições e as perguntas que deixo são:
- Por que o
povo mesmo reconhecendo todo este absurdo ainda permite, aplaude e não enxerga
que é imoral?
- Quando
este omisso povo vai entender que quem paga toda esta vergonha é ele mesmo e
exigirá reformas sérias e profundas, capazes de amenizar todo este desatino
institucional?
Hoje o
sábado amanheceu sem chuva, deixando até o solzinho que pede passagem tentando
se instalar, colorindo o dia, aquecendo a vida.
Bom seria se
pudéssemos copiar a natureza, abrindo também espaço em nossas mentes para que o
legal se aproximasse do moral, a partir de nossas posturas em relação ao tudo
mais.
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