sábado, 7 de julho de 2018

LEGAL E MORAL



Estou aqui, logo bem cedinho, olhando as postagens no face e atenho minha atenção em uma sessão da Câmara de Vereadores de uma certa cidade em que se discute a redução salarial dos mesmos, e aí, imediatamente penso no quanto são perversas as nossas leis, mas, acima de tudo, o quanto nós, enquanto povo, somos inconsequentes em permitir desde sempre distorções que tornam grande parte delas, absolutamente imorais.
A lista é interminável de brechas que incentivam todo tipo de adaptação interpretativa, mas todas com uma lógica subtendida, silenciosa e corrosiva que é a falta de equidade em se tratando de proteger verdadeiramente os interesses do povo, reservando todas as nuances de benefícios a uma casta de privilegiados que, com diferentes vestimentas, não só as fazem, como as interpretam a seus gostos e interesses.
Penso também nas gigantescas incoerências que se mostram a cada instante e que, por ignorância também de várias espécies, são aceitas desde sempre.
Imagine um povo pobre, carente de quase tudo, aceitar que um vereador, em sua maioria sem ter sequer o fundamental completo e que comparece na Câmara onde trabalha, um ou dois dias por semana, ganhe mais que um professor de nível universitário, muitas vezes portador de mestrado e até doutorado, ou que um juiz cujo salário já é absurdamente elevado para a realidade brasileira, ainda receba ajuda moradia e se for casado com uma juíza, que também ela receba, mesmo ambos morando na mesma residência e própria, enquanto um pensionista do INSS que recebe salário mínimo e ainda paga aluguel, não possa ter os mesmos privilégios.
Como admitir que profissionais como dentistas, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e tantos mais que investiram em estudos no mínimo 15 anos, ganhem inexplicavelmente menos que os ilustres vice-prefeitos, chefes de gabinetes, diretores e coordenadores disto ou daquilo?
Como aceitar que os policiais que arriscam suas vidas a cada instante recebam salários tão precários, precisando morar nas periferias e guetos das suas cidades?
Como eu disse anteriormente, a lista é interminável de distorções que com seus tentáculos abraça todas as instituições e as perguntas que deixo são:
- Por que o povo mesmo reconhecendo todo este absurdo ainda permite, aplaude e não enxerga que é imoral?
- Quando este omisso povo vai entender que quem paga toda esta vergonha é ele mesmo e exigirá reformas sérias e profundas, capazes de amenizar todo este desatino institucional?
Hoje o sábado amanheceu sem chuva, deixando até o solzinho que pede passagem tentando se instalar, colorindo o dia, aquecendo a vida.
Bom seria se pudéssemos copiar a natureza, abrindo também espaço em nossas mentes para que o legal se aproximasse do moral, a partir de nossas posturas em relação ao tudo mais.

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