domingo, 29 de julho de 2018

ANOS LUZ DE ATRASOS



E aí, nos nossos papos no café da manhã deste domingo ensolarado, falamos dos filmes e seriados que assistimos desde sempre, porque gostamos, relevando mais uma vez os absurdos referentes ao nosso atraso em todos os níveis em relação aos países desenvolvidos e que, em sua maioria, não possuem o nosso espaço territorial e muito menos as variedades de riquezas naturais.
Observamos que quaisquer cidadezinhas, principalmente nos filmes de quase 100 anos passados, eram mais bem estruturadas que as nossas de hoje, pois existe um princípio básica na formação de um distrito ou município, a fim de balizarem suas existências que visam, em primeiro lugar, o bem-estar de seus moradores.
Geralmente, as pessoas assistem os filmes e não observam este detalhe de infraestrutura num comparativo com o que possuem em suas realidades, e isto é impressionante se olharmos com a visão analítica da alienação cidadã que comanda nosso grau de conscientização de valores sociais.
Qualquer cidadezinha com dois ou três mil habitantes tem a seu dispor, correios, banco, supermercado, hospital, polícia atuante, lanchonetes, escolas, creches, restaurantes, rodoviária, centro comunitário, quadra de esportes e um comércio atuante, ou seja, as cidades possuem autonomia, mesmo aquelas consideradas de passagem ou dormitório, por estarem muito próximas de outras mais prósperas na variedade de oferecimento de trabalho.
Mas aqui e em outros países da América Latina ou parte da África, a coisa muda e para pior, exibindo uma violenta desigualdade social, como se orgulho fosse uma pobreza gigantesca da maioria de seus habitantes, assim como a cruel visão política na manutenção da mesma, geralmente através da malversação do erário público.
O mais impressionante neste óbvio que escrevo é justo a aceitação dos cidadãos, que ainda se tornam devotos fiéis de seus próprios flagelos, justificando, grotescamente, seus líderes ou ídolos.
E então, bate um desânimo profundo e a certeza absoluta que tanto eu e Roberto não sobreviveremos anos suficientes para enxergarmos reais mudanças estruturais em nosso país, o que pensar de nossa Itaparica que vive isolada, apesar de estar no máximo a 60 minutos de uma das maiores e mais importantes capitais do país, mas que por ter um eleitorado pequeno, não é devidamente assistida pelo Governo do estado e muito menos Federal, servindo apenas como recolhimento de uns votos fracionados para Deputados e Senadores.
E pensar que ainda os aplaudimos por fazerem suas obrigações e os desculpamos quando são ineptos, incapazes que somos de reconhecermos o quanto nos flagelam em benefício próprio e de seus restritos aliados calando-nos por uns trocados a mais, um empreguinho temporário e uma dignidade perdida.
E aí, nem é bom pensar que estamos em 2018 e não temos uma rua decente para circular, saneamento básico na maior parte da cidade, recolhimento de lixo regular, educação a pleno vapor, saúde competente e ainda temos que conviver com esgotos a céu aberto, e se não bastasse, somos obrigados a compreender a perda de instituições absolutamente necessárias a autonomia de cada um de nós, restando-nos reconhecer que somos um povinho sem brio e respeito próprio, atributos que vão se perdendo gradativamente, enquanto o mundo evolui.

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