segunda-feira, 30 de abril de 2018

SEM MEDO DE VIVER


Olhando uma postagem da amiga Consuelo Velasco, imediatamente, lembrei-me de minha juventude e da constante motivação que me fazia suplantar qualquer dificuldade, que era justo o prazer de viver.
Não havia consciência do não sentir medo, pois tudo era natural. Apenas, vivíamos o dia a dia com suas dificuldades fossem quais fossem, mas sem a pressão paralisante do medo de estar existindo, exposto ao acaso da liberdade do outro.
Ao longo dos anos que se seguiram, ganhamos no progresso científico e tecnológico, ampliamos nossa capacidade em interagir com o restante do mundo, transformamos nossas telinhas de celulares em instantâneos de qualquer natureza, mas perdemos, definitivamente, a bendita liberdade que era real, pois não era pensada, apenas exercida, como o ar que respirávamos.
Saudosista, claro que sou e pergunto como não ser depois de atravessar as últimas três décadas temendo por minha vida na esquina, no açougue, no cinema e, até mesmo, no aconchego de minha casa, por um maluco viciado qualquer, na loucura de sua liberdade?
Viver trazendo consigo a sombra do medo, sem qualquer real espontaneidade, legítimo passaporte para momentos de paz, pode ser tudo, menos liberdade.
Tempos difíceis, estes que estamos vivendo...
Mas para quem não conheceu outra forma de viver, fazer o quê, dizer o quê?
Afinal, eles jamais entenderiam, porque os valores, certamente outros, faziam de nós unidades vivas e pulsantes, éramos pessoas. Hoje, são tão somente anônimos, esmagados ou amordaçados em nome desta tal de liberdade que os transformam em estatísticas, também de qualquer natureza.

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