O domingo,
amanheceu sem chuva e eu, amanheci romanticamente saudosa dos velhos tempos,
guardados lá atrás, nos benditos anos, verdadeiramente dourados, que os novos
tempos não conseguiram me fazer esquecer.
Saudades da
infância bem curtida nas calçadas da Barão da Torre, dos amigos Paulinho e
Antero, das amigas Marcia e Regina Helena, da vizinhança discreta e solidária,
da elegância de Dona Norma Vidigal, do filé à lá cubana da Taberna do Barão,
dos quindins da padaria Eldorado, dos assovios agudos de minha mãe, do quintal
da casa da minha avó Maria, das estrelas que eu contava até dormir no terraço
do prédio em que eu morava, do cheirinho de maresia do mar tão próximo, do primeiro
baile no suntuoso hotel Glória, dos flertes com os alunos do Colégio militar no
ônibus 416, que me levava para ao Maria Raythe, onde cursei o Normal, dos hamburguês
com suco de laranja do recém inaugurado BOB’S na Visconde de Pirajá, dos
sorvetes de milho verde da sorveteria do Morais e principalmente, da quietude
de meu quartinho aconchegante, onde tantos sonhos teci e onde comecei a
escrever, minhas prosas e poesia.
Saudades do
primeiro beijo que fingi que era roubado, mas que eu muito queria de Jefferson
Montoro com apenas 15 anos, da aventura de roubar o carro de meu noivo e sair
dirigindo até a Lagoa Rodrigo de Freitas e depois travar de nervoso e pedir
socorro, na casa da tia Luiza. Levei uns tabefes de minha mãe, mesmo estando há
dias de me casar. Inesquecível!!!
Quantas
emoções, numa só tarde...
Saudades dos
beijos ardentes e do fazer amor apaixonado com o meu Roberto, nos lugares mais
impensáveis, numa divina euforia do novo e do belo que me extasiava.
Saudades de
uma juventude, para lá de saudável que foi forte o bastante para não me
abandonar, adubando a minha alma e o meu prazer de viver.
Mas ainda
assim, sinto saudades e recordar me faz bem.
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