quinta-feira, 3 de maio de 2018

POLITICAGEM



Infelizmente é tudo que vem ocorrendo no Brasil de forma grosseira e abusiva que testemunhamos e, o que é pior, somos aliciados maciçamente, através das mídias, transformando continuamente, meias verdades e firulas especulativas em verdades indiscutíveis, incitando, principalmente aos desavisados que representam a maioria da população, especialmente nos locais pequenos, pouco evoluídos educacionalmente e onde a mesmice do coronelismo sempre foi a fonte mais convincente da realidade.
Quando me refiro ao coronelismo, não estou sendo literal, mas refiro-me aos grupos dominantes que se revezam simultaneamente, mantendo o povo entre as cercas de seus interesses “políticos”, que na crua realidade, se resumem nos interesses de uma escalada de ascensão e manutenção de poder aliado aos progressos econômicos e financeiros, enquanto o povo continua perpetuando a pobreza em todos os níveis.
Percebo a conveniência dos políticos em manterem viva a crença de que críticas e cobranças são perseguições dos derrotados, sujando de forma vil a postura de uma oposição que deveria ser respeitada pelos propósitos a que se propõe, numa luta incansável de mudar posturas e de se criar uma forma mais saudável de se dirigir as ações tanto do legislativo quanto do executivo.
Este costume corriqueiro e histórico, tem impedido que o verdadeiro progresso adentre em locais mínimos como Itaparica e tantos mais, justo pela desqualificação que é oferecida a toda e qualquer manifestação contrária a quem se encontre no poder, impedindo um real aprendizado dos munícipes, quanto a identificação do lógico em relação a tão somente politicagem de ataques vazios sem qualquer sustentabilidade argumentativa.
Pessoalmente, venho há muitos anos, seja através do Jornal Variedades, seja através da Rádio Tupinambá ou de meus infinitos escritos, despertar nas pessoas esta dignidade cidadã, jogando sistematicamente por terra as firulas ouvidas nos palanques, nos plenários das câmaras de vereadores e nos discursos dos prefeitos que insistem na manutenção de uma politicagem que os mantém sempre no controle de uma plebe sofrida e cada dia mais alienada, vagando entre uma gestão e outra sem sequer perceber em sua maioria  que poderiam estar vivenciado uma existência menos agressivamente pobre e sem perspectivas.
Ontem, ouvi parte da entrevista da prefeita Marlylda Barbuda, pois a transmissão estava defeituosa e minha internet instável, mas como sempre, percebi a mesma postura, esquecendo-se que nós, o povo, não temos que entender de administração pública, e para tanto, elegemos nossos administradores, esperando deles a devida correção na prestação de contas, decepcionando-nos ao ouvi-la que precisou da opinião desta ou daquela pessoa para praticar o seu dever ético e  honesto, que é justo explicar em detalhes a aplicação dos recursos dos Royalties, já que a entrada nos cofres públicos é de domínio também público.
O óbvio do óbvio, magoa e ofende a todo aquele que mesmo não tendo o poder dos títulos adquiridos através do voto, tem o poder de oferecer ou negá-lo a quem quer que seja.
O problema nos países de terceiro mundo, como o Brasil, é que quem ascende ao poder passa a acreditar que são os detentores da verdade absoluta e que os demais que não comunguem com seus métodos administrativos são inimigos que precisam ser agredidos com a desqualificação sistêmica.
 Prestar contas é obrigação, fazer previsões claras quanto ao destino do erário público em obras e melhorias das instituições é dever de todo aquele que está a serviço do povo.
Uma gestão humana é bem mais que estar fazendo entrevistas programadas entre os seus adeptos e sim, e acima de tudo, saber ouvir, pensar e decidir com a devida coerência de atitudes.
Numa gestão humana, não é admissível o atraso de um TFD, da escassez de remédios, da falta de manutenção das vias de acesso da população e de infinitas outras necessidades prioritárias em função de contratações no mínimo duvidosas, aluguéis de veículos, cursinhos contínuos de aperfeiçoamento da equipe do funcionalismo, mordomias só permitidas em cidades cujas arrecadações sejam adequadas. Afinal, os cargos existem para serem preenchidos por profissionais já qualificados, pois não se admite a lógica de se qualificar alguém para exercer suas funções, enquanto o filho de quem paga a este funcionário, não tem recursos para estudar, e o que é pior, não tem uma merenda verdadeiramente saudável, cinco dias na semana nas escolas do município, sem interrupção.
Certamente, com fundamentos, eu e outros mais, poderíamos escrever laudas dos absurdos que sempre foram cometidos pelos nossos representantes legais, sem necessariamente estarmos crucificando-os em ações politiqueiras, apenas e tão somente, apontando as incoerências e arrogâncias que são evidentes e que impediram um também mais eficaz desenvolvimento da cidade.
Certamente que minha razoável inteligência me garante que até as vésperas da próxima eleição em 2020, algumas obras irão ser aplicadas no município a fim de garantir a reeleição, como sempre ocorreu, todavia, até que o bendito ano eleitoral chegue, o povo sofre e, no final, recebe uma pequena parcela, migalhas da sobra de um grande farnel que ele jamais teve o prazer de degustar.
Não sou oposição, apenas quero respeito pelo voto por mim oferecido, busco real humanidade para esta cidade que amo, pela cidadã participativa que sempre fui e pela noção de direito público que anos de estudos, observância e humildade em querer aprender me conferem.


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