quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

BENDITAS GERAÇÕES

...repletas de ultrapassados comportamentos e costumes, que fui assistindo e até mesmo, colaborando dentro de minhas limitações de todas as ordens, a alterar.

Benditas gerações que há algum tempo vem se despedindo, cada vez mais rápido acenado um adeus solene, deixando enlutadas as famílias, as cidades, as artes e a cultura brasileira. 

Benditas gerações das mais pioneiras mudanças de hábitos e costumes, usando o arrojo destemido, próprio da juventude, para jogar por terra, o máximo da mofada hipocrisia que existia e insistia em empanar as mais autênticas expressões, sem, no entanto, esquecer-se da elegância, não pisando e esmigalhando inconsequentemente, valores como a ética e a decência respeitosa ao já existente.


Benditas gerações que ao conviverem com o diferente, execrando sem alardes e sem produzirem outras assepsias, que depois, vieram a ocorrer, como se vê amplamente nos dias atuais, optando na época pela simples seleção onde a qualidade pessoal e intelectual se fazia mais importante que detalhes como origem, crença e cor da pele, tanto, que grandes e poderosas parcerias se formaram justo, nestas gerações, onde os diferentes se encontraram e juntos, produziram as mais sublimes e simbólicas contestações contra os preconceitos enraizados.

Benditas gerações, que pensava Brasil, abraçando todas as representações regionais, sem migalhas aprisionadoras, cotas e leis, tão somente, excelências e afinidades.

Benditas gerações que viveram na pele e na alma as feias contradições, que a cada dia, hoje, mais volumosas se apresentam com a crescente, danosa e cruel desigualdade, travestida de amparo social, liberdade a qualquer custo, hipócrita e falsa aceitação que mais acirradamente estimula a violência, a frustração e as imposições de todas as ordens, numa ditadura sem limites de costumes, nunca dantes vivenciado.

Benditas gerações que nenhuma outra foi capaz de superar experimentando, sentindo, escrevendo, cantando e ressaltando as belezas e o amor, cutucando com inteligência e sabedoria, as feridas infeccionadas da sociedade.

Benditas gerações das muitas imperfeições, lapsos e colapsos, sempre com muitos aprendizados que pautam ainda nos dias atuais as posturas dos sobreviventes, que recusam-se a passividade em tão somente, esperarem a morte chegar, impulsionados pela bendita real liberdade que pulula em si, gritando “vida” e que os levam a insistirem e a resistirem como incríveis “pés de bois”, nas cotidianas batalhas em um “sistema” ardilosamente preguiçoso e macabramente viciado.

Benditas gerações que forjaram você e eu, nos anos 60. 70. 80 em nosso Brasil Varonil!!!

Regina Carvalho- 26.2.2025 Itaparica

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