sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

ADMITINDO

ADMITINDO QUE NADA  compreendia a respeito de quase tudo, conscientização que sempre me causou constrangimento, forçando-me a buscar disfarces que me socorressem, mas neste amanhecer, os costumeiros disfarces mentais, simplesmente evaporaram, obrigando-me a encarar o meu enorme deserto cognitivo sobre tudo, menos em relação a mim, que firme como uma rocha, precisei levantar-me, fazer e tomar o meu pingado e neste instante, entre um gole e outro, ir digitando tecla a tecla a minha assustadora realidade.

Enquanto escrevo, minha mente como de costume, busca socorro com os pássaros e borboletas, todavia, ou é ainda muito cedo para estarem por aqui ou o que é mais provável, escondem-se entre galhos e pétalas, usando a escuridão no jardim para não serem descobertos pelos meus aguçados olhos, que no momento, só enxergam um vasto deserto.


Isso mais parece um complô da vida, afim de que finalmente, eu não tenha qualquer tipo de recurso e definitivamente, encare a minha monstruosa ignorância a respeito do tudo mais, além da ludicidade na qual, adentrei para me proteger e assim, disfarçar a minha total incapacidade em acompanhar os movimentos progressistas e as mentes brilhantes deste mundo.  

Mundo repleto de Divindades, Santos, Orixás, Heróis para cada segmento existencial, assim, como humanos que tudo sabem, culminando com um Deus criador, que não satisfeito com as maravilhas que distribuía mundo afora, criou com esmero os abalos sísmicos, as emoções humanas e um Diabo agitador, traiçoeiro e sabichão, só para que a monotonia, não se instalasse.

Criou a mim que conseguiu aos trancos e barrancos, atingir a derradeira idade, para tão somente, compreender que, mesmo admitindo ser uma neófita em tudo, não consegue ser convincente, já que ainda se choca, buscando nos recôncavos da própria alma, a inteligência que lhe falta e que sobra na maioria.

Nem mesmo Deus ou o Diabo me querem por perto e sequer me oferecem uma pontinha de suas sabedorias, afim de que eu possa compreender os tantos horrores, que os meros cotidianos sem disfarces apresentam, enquanto, um universo de pessoas inteligentes, descoladas, sabedoras de que tudo sabem, aceitam e se calam consentindo e admitindo para si mesmos, que está tudo bem...

Regina Carvalho- 14.2.2025 Itaparica

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