...pensando na beleza e frescor da juventude e no quanto, através dela, nós, de outra geração podemos nos renovar, absorvendo sem querer copiar, todo o vigor que dela for possível extrair. Afinal, não podemos evitar a decadência física, mas, em contra partida, podemos renovar nossos cérebros e sentidos, assim, como as consequentes emoções, alimentando-os cuidadosamente, respeitando-os amorosamente.
Lembro da audácia que sempre me caracterizou em voltar para uma faculdade aos 60 anos, quando então, ainda não se cogitava este tipo de comportamento como estímulo de vida saudável para a terceira idade.
Pois é, fui estudar filosofia, porém, mais do que buscar mais conhecimentos, desejava romper o estigma da apenas vovozinha, esperando a morte chegar, indo em busca de novas emoções, sabedora do quanto iria chocar e ser ridicularizada, afinal, o tempo passa, o mundo muda, mas os ousados continuam sendo berlindas no balanço das críticas daqueles que simplesmente por não entenderem, tecem mil e uma conjecturas, algumas regadas de enormes e poderosas maledicências.
Neste instante, pensando e relembrando, posso sentir a ansiedade revestida de medo do desconhecido, trazendo explicita a asma psicológica que fechava os meus pulmões, o suor frio que cobria minha testa em contraponto a secura da boca, quando, finalmente, adentrei naquela enorme sala de aula, apertando o fichário no peito e sendo confundida com uma professora por 52 jovens mal saídos da adolescência.
Dissipadas as dúvidas, lá estava a Regininha recomeçando uma nova etapa de sua vida, literalmente acabando por soltar as últimas amarras do preconcebido medo de apenas existir, vivendo intensamente.
Pensando agora, concluo que a “velha senhora” sugou sem alardes cada vibração recebida, assim, como introduziu com serena tenacidade cotidiana a naturalidade do tão somente, existir, demonstrando na prática o extermínio gradativo do aterrorizante medo do apenas viver, alimentando-se das benditas emoções que somente quem ousa, conhece o sabor.
Quinze anos se passaram, afinal, o tempo não para e a “velha senhora” cá está, mais viva, cheirosa, rejuvenescida e linda do que nunca, ainda se alimentando das divinas ousadias que se deu ao direito em vivenciar ao longo da própria vida, sendo simplesmente o que é, controlando os medos e as velhas ansiedades diante dos desafios diários, insistindo sem tréguas em não deixar "mofar as emoções" que vibrantes pululam inquietas em sua mente e alma.
Não existem barreiras para a liberdade íntima quando, se descobre ser uma ciência exata, uma máquina perfeita, uma criação Divina, com uma única tarefa que a de viver plenamente, sacerdócio que o aterrorizante medo, insiste em paralisar.
Bom dia, se permitindo sentir amorosamente o hoje, afinal, o depois, pode simplesmente, não vir a existir.
Regina Carvalho- 16.2.2025 Itaparica
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