Como se fosse de repente, mesmo sabedora não o ser, cá estou desde as quatro da manhã diante deste notebook, tentando não escrever o que minha mente teimosa, insiste e neste duelo íntimo, fiz muitas publicações alheias, escutei variados tipos de músicas, perdi a conta de quantos olhares suplicantes dirigi ao céu, vendo-o acordar lentamente e mesmo agora, com um sol brilhante, a mensagem cognitiva permanece inabalável enquanto eu, já exaurida, jogo a toalha no espaço livre de minha alma, finalmente vencida, abrindo espaço para que as emoções, até então, inconfessáveis se expressem, abrindo mais um cadeado que minha consciência, aprisionou, permitindo fluir em alto e bom som o meu pedido de perdão por ser assim, como sou; retraída, observadora, meio bruxa, totalmente transgressora, quase tímida, numa constante dualidade que assusta quem se aproxima.
Perdoem por eu ser incapaz de conviver em tempo integral com a hipocrisia, a camuflagem, o não autêntico.
Perdoem por eu amar tanto e de infinitas formas, assim como insistir em enxergar o belo que sufocado se encontra nas almas dos demais.
Perdoem por eu escrever o que ninguém quer reconhecer ter contido em si.
E aí, ontem à noite assistindo a evolução da “inteligência artificial” em núcleos pontuais no estado do Piauí, notoriamente um dos mais pobres e deficientes do país, fiquei confesso mais uma vez chocada com a naturalidade da apresentação da cruel divisão social camuflada em brilhos e cores e variadas imagens, o horror da banalidade.
E aí, penso que se ensinassem as crianças o valor da vida e de tudo quanto nela existe a partir delas mesmas, provavelmente as tecnologias fossem recebidas e devidamente consideradas como inventos geniais da mente humana e não mecanismos de abstração e negação da robotização das emoções e consequentes, sentimentos.
Me perdoem por eu ser tão chata e insistente em cutucar as feridas sociais, onde somos tão absurdamente responsáveis, nem que seja, aplaudindo aleatoriamente o leviano, mantendo desta forma fantasiosa um Brasil progressista que verdadeiramente desconsidera a pobreza e as carências múltiplas, não dando a estas mazelas humanas, qualquer mais consistente prioridade, além de limitadas mediações que as mantém em seus devidos lugares de apenas, incômodos.
Portanto, preconceitos, violência urbana, feminicídios, corrupções e um tudo mais que denigre a raça humana, são apenas reflexos diretos e progressistas de uma sociedade sem real caráter que a defina, além de cópia fajuta de outras não menos desgraçadas civilizações que há muito se intitulam humanas, mas que não passam de cópias emplumadas de qualquer outro animal irracional das savanas terrestres, sem rabos que os equilibrem e sem os devidos sentidos que possam norteá-los.
Regina Carvalho- 01.02.2025 Itaparica
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