SERÁ QUE É TÃO DIFÍCIL, enxergar e compreender o óbvio que
afronta ou que satisfaz, deixando as diferenças partidárias num segundo escalão
de nossas avaliações, que deveriam vir acompanhadas tão somente dos fatos
possíveis de serem constatados através de um simples olhar?
Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.
Na última quinta-feira fui dar um giro pela cidade como faço
sempre e optei em visitar o Barro Branco que, até então, era um abuso mais que
afrontoso aos seus moradores, devido ao abandono cruel. Surpresa e feliz fiquei
ao verificar o quanto um calçamento pode trazer melhorias visíveis aos imóveis,
mas principalmente para as pessoas, tesouro maior de qualquer comunidade.
Penso que nem tão caro e difícil foi realizar este trabalho
e fico me perguntando por que outras gestões não o fizeram?
É fato que também antes não havia uma arrecadação tão
expressiva, mas será que verdadeiramente em quatro anos não foi possível
economizar aqui e acolá para pelo menos manter as ruas minimamente cascalhadas,
calçadas ou asfaltadas, assim como da mesma forma fico me perguntando, por que
agora com este montão de dinheiro que a gestão vem arrecadando, não seria a
hora de apertar o cinto das despesas e justamente aplicar as economias numa aceleração
de obras?
Uma rua calçada, valoriza não só o imóvel, mas a autoestima
de seus moradores, afastando a sensação de abandono e levando as pessoas a se sentirem
enxergadas, consideradas e, acima de tudo, pertencentes à sua cidade.
Praças e parquinhos são importantes por uma série de razões
e talvez a maior delas seja a de oferecer ao cidadão um espaço de convivência,
além de embelezar qualquer lugar, mas de nada adianta ter-se praças bonitas
para as crianças brincarem, se elas precisarem pisar na lama ao ir para suas
escolas.
Aí, percebe-se claramente a necessidade de ter-se em
qualquer gestão o bendito senso de prioridades na aplicação das verbas
orçamentárias, destacando os projetos com recursos oriundos do Estado ou
Federal, no que se incluem as praças, os parquinhos, as academias de saúde, os
CAPS e, etc. e tal.
Percebo que o não esclarecimento ao povão da origem dos recursos,
assim como sua aplicabilidade específica, confunde e promove endeusamentos,
assim como estimula os ataques oposicionistas, porque afinal, não só a equipe
financeira das gestões sabem fazer contas e azeitar para os devidos esclarecimentos
aos órgãos superiores de contas, ainda mais nos dias atuais, onde há uma nítida
noção das manipulações possíveis de ocorrer nas elaborações das administrações
públicas.
Esse raciocínio oferece uma clareza à mente do cidadão
atento, não necessariamente doutor entendido em administração pública e, então,
fica mais claro compreender a diferença entre o absurdo mentiroso, o colorido da
esperteza e a real visão progressista de qualquer administração que se
apresente, mesmo reconhecendo que por traz de cada uma delas e às vezes até
mesmo por dentro, existem aqueles que investiram nas suas e as vezes esmagadoras
vitórias e que querem, como qualquer investidor, o retorno de seus
investimentos, acrescido de lucros expressivos.
Alguns são como lobos esfaimados, incansáveis de serem
saciados.
Daí, a necessidade de se pesquisar de onde vem os recursos
de campanha, porque nem santinho aparece de graça. Tudo tem o seu devido custo
e não há uma só bandeira que seja hasteada de graça, afinal, paga-se antes ou
depois, mas inevitavelmente, paga-se, e este pagamento a posterior, certamente
será realizado a partir do erário público, que é na realidade de cada cidadão, no
pagamento de seus impostos na compra da farinha, do feijão, do gás, do IPTU e
etc.
Portanto, voto consciente é bem mais que aceitar aplaudindo obras
públicas, assim como com certeza aprender a avalia-las em relação a
disponibilidade financeira das arrecadações públicas e do atendimento as
necessidades reais do seu povo, tipo como fazemos em nossas próprias vidas
domésticas, em elação ao que recebemos através de nosso trabalho, acrescido dos
extras que advém de horas extras, gratificações, jogos de loterias, décimo
terceiro, Pis/Passep e etc.
Enfim, só mesmo levando para as escolas os princípios básicos
da administração do dinheiro que, afinal, move o mundo e a vida pessoal de cada
criatura humana. Sem essa mínima noção de como conviver com ele, perdemos o
senso crítico de nossos próprios ganhos e despesas, o que se falar, então, das
contas públicas?
Penso, em quantos Barros Brancos, Mocambos e Misericórdias
se poderia ter calçado com verbas tão expressivas, se estas fossem as reais
prioridades.
E não me venham falar que os anteriores não fizeram...
Deveriam ter feito, mas de todo jeito é para a frente que se
deve andar.
Quem logo não se senta, perde o lugar. Simples assim.
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