E aí, nos
nossos papos no café da manhã deste domingo ensolarado, falamos dos filmes e
seriados que assistimos desde sempre, porque gostamos, relevando mais uma vez
os absurdos referentes ao nosso atraso em todos os níveis em relação aos países
desenvolvidos e que, em sua maioria, não possuem o nosso espaço territorial e
muito menos as variedades de riquezas naturais.
Observamos
que quaisquer cidadezinhas, principalmente nos filmes de quase 100 anos
passados, eram mais bem estruturadas que as nossas de hoje, pois existe um
princípio básica na formação de um distrito ou município, a fim de balizarem
suas existências que visam, em primeiro lugar, o bem-estar de seus moradores.
Geralmente,
as pessoas assistem os filmes e não observam este detalhe de infraestrutura num
comparativo com o que possuem em suas realidades, e isto é impressionante se
olharmos com a visão analítica da alienação cidadã que comanda nosso grau de
conscientização de valores sociais.
Qualquer
cidadezinha com dois ou três mil habitantes tem a seu dispor, correios, banco,
supermercado, hospital, polícia atuante, lanchonetes, escolas, creches, restaurantes,
rodoviária, centro comunitário, quadra de esportes e um comércio atuante, ou
seja, as cidades possuem autonomia, mesmo aquelas consideradas de passagem ou
dormitório, por estarem muito próximas de outras mais prósperas na variedade de
oferecimento de trabalho.
Mas aqui e
em outros países da América Latina ou parte da África, a coisa muda e para
pior, exibindo uma violenta desigualdade social, como se orgulho fosse uma
pobreza gigantesca da maioria de seus habitantes, assim como a cruel visão
política na manutenção da mesma, geralmente através da malversação do erário público.
O mais
impressionante neste óbvio que escrevo é justo a aceitação dos cidadãos, que
ainda se tornam devotos fiéis de seus próprios flagelos, justificando,
grotescamente, seus líderes ou ídolos.
E então,
bate um desânimo profundo e a certeza absoluta que tanto eu e Roberto não
sobreviveremos anos suficientes para enxergarmos reais mudanças estruturais em
nosso país, o que pensar de nossa Itaparica que vive isolada, apesar de estar
no máximo a 60 minutos de uma das maiores e mais importantes capitais do país,
mas que por ter um eleitorado pequeno, não é devidamente assistida pelo Governo
do estado e muito menos Federal, servindo apenas como recolhimento de uns votos
fracionados para Deputados e Senadores.
E pensar que
ainda os aplaudimos por fazerem suas obrigações e os desculpamos quando são ineptos,
incapazes que somos de reconhecermos o quanto nos flagelam em benefício próprio
e de seus restritos aliados calando-nos por uns trocados a mais, um empreguinho
temporário e uma dignidade perdida.
E aí, nem é
bom pensar que estamos em 2018 e não temos uma rua decente para circular, saneamento
básico na maior parte da cidade, recolhimento de lixo regular, educação a pleno
vapor, saúde competente e ainda temos que conviver com esgotos a céu aberto, e
se não bastasse, somos obrigados a compreender a perda de instituições
absolutamente necessárias a autonomia de cada um de nós, restando-nos
reconhecer que somos um povinho sem brio e respeito próprio, atributos que vão
se perdendo gradativamente, enquanto o mundo evolui.