TROCA DE VALORES

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É difícil buscar palavras que exprimam minhas considerações a respeito do que vem acontecendo nas últimas décadas em relação à troca absurda de valores avaliativos, tratando-se de tudo, mas para que eu possa ser mais objetiva, permanecerei apenas no tocante à política e ao nosso relacionamento com os políticos e nossa visão distorcida de direitos e deveres. São tantos e seguidos desmandos que fomos perdendo o foco da lógica comportamental dos mesmos e passamos a encarar de forma banal todas as suas absurdas transgressões aos nossos diretos, assim como nos acomodando e, pior, copiando suas manobras, adaptando-as aos nossos cotidianos como se normais fossem, num sistêmico abuso de parte a parte, levando-nos lenta e gradativamente a um caos avaliativo pessoal que se tornou nacional. Essa nova visão e prática de novos e distorcidos valores éticos, também criou em nós uma falsa compreensão do certo e do errado, que vez por outra nos é chapado na cara por alguns poucos, que insistem em conduzir suas posturas, sejam pessoais ou profissionais de forma coerente e respeitosa, balançando assim o senso de decência que, de alguma forma, permanece no interior de nossas mentes e que acredito deva ser fruto de parâmetros que nos chegam através do mundo globalizado. Resumindo: colocar comida decente nas merendas escolares, remédios em tempo hábil nos postos de saúde, criar um sistema de infraestrutura que nos permita ir e vir com segurança e agilidade, etc. e etc., tornou-se mérito de quem o faz, justo porque em raras ocasiões outros o fizeram e, olhem bem, se quem o faz não gritar o tempo todo que está fazendo, meio ano depois de feito é totalmente esquecido por quem recebeu o feito. Avalia-se as obrigações governamentais como feitos sensacionais e as desconsideramos quase que imediatamente, porque não mais somos capazes de mensurar a importância do lógico e do ético nos relacionamentos cidadão X governo. Gostaria de refletir menos numa época de infinitas inversões de todas as naturezas, onde me vejo inserida num caldeirão onde bandidos e mocinhos convivem, fingindo que está tudo bem.