terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SEM ASSUNTO

Novamente sou acometida da síndrome da falta de inspiração para escrever minhas crônicas. Reconheço sinceramente que nos últimos dias estou um verdadeiro fracasso.
Tudo que penso em escrever, desisto. Em alguns momentos, até ensaio o começo, mas logo desanimo, crendo que não será interessante ou apenas as ideias me parecem fracas e sem maior valor.
Agora, por exemplo, penso nas tragédias das chuvas e imediatamente lembro que tem uma semana que as tvs só mostram e falam sobre elas, e me parece um total abuso de minha parte fazer mais apologia aos incansáveis trabalhos dos bombeiros, defesa civil e voluntários, assim como das vítimas.
Política, nem pensar.
Afinal, quando se começa a analisar o povo brasileiro, no qual estou inserida, penso que não tenho mais nada a falar, apenas a lamentar a condição submissa e ignorante em que subsistimos, sentindo uma enorme vergonha pelo atraso em que me encontro e pelos absurdos que aceito, única e exclusivamente porque sempre foi assim e tudo indica que não irá mudar para uma postura social e política mais séria e respeitosa; o melhor mesmo é ficar calada, pois até mesmo assim, corro o risco de não ser bem interpretada.
Pensam que é brincadeira?
Os desafetos pipocam de qualquer lugar, pois por mais cuidado que se tenha com as palavras sempre se corre o risco quanto as interpretações, que variam assustadoramente e podem se expressar de formas, inclusive, agressivas, se o interpretante for poderoso ou puramente prepotente. E o que não faltam, são estas duas expressabilidades vivenciais.
Então, por segurança, a maioria concorda com a maioria e, assim, tudo fica bem calminho e ninguém se aborrece.
Será?
Será que de verdade as pessoas estão bem consigo mesmas, agindo como robôs, mas sentindo por todo tempo um enorme vazio que a impotência lhes impõe?
Será que são cegas, surdas e mudas por pura conveniência ou de verdade já não sabem identificar as distorções?
Às vezes, como agora, me questiono quanto as reais possibilidades em nos adaptarmos às profundas e significativas mudanças que pudessem de verdade nos colocar em um legítimo regime democrático e humano.
Não sei, não...
Aliás, nem sei porque estou escrevendo, já que estou me sentindo desanimada com as letrinhas e com os meus pensamentos nesta manhã indefinida de verão, que nem chove de verdade e tão pouco abre o solão que tanto me anima.
Nossa, estou mesmo é de saco cheio de ter que pisar em ovos na defesa de meus direitos seja lá onde for ou de ter que sorrir e dizer que está tudo bem, quando na realidade a coisa não está boa e eu me recuso a concordar como se fosse uma vaquinha de presépio.
E aí, quando fico me sentindo assim, meio borocochô, a inspiração me abandona e eu então me recolho na solidão própria daqueles que pensam e se expressam, buscando auxílio no bom Deus para que ele amanse a minha ansiedade e adoce os meus sentimentos frente as realidades que, reconhecidamente, nada posso alterar, mas que, verdadeiramente, gostaria muito que fosse diferente.

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