quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

INFERNAL...


Emerjo do mergulho e ainda um pouco ofegante olho para o céu e penso que, apesar de estar um pouco nublado, não irá chover.
Tomara...
E aí, não sei porquê, lembrei-me da Irmã Celina, capuchinha dos diabos, com quem precisei dividir os meus dias durante cinco preciosos anos de minha adolescência no colégio.
Será que ainda está viva?
Se estiver, deverá estar com uns noventa e poucos ou muitos anos, entretanto, se já morreu, deve com certeza estar no inferno, segurando um tridente e sorrindo falsamente para o diabo e infernizando cada infeliz que com ela por lá estiver.
E aí, penso que às seis horas da manhã, depois de um saudável mergulho em meu mar, estar pensando na Irmã Celina, sinceramente, não é para qualquer um, só mesmo para gente como eu que passa a vida a limpo por todo o tempo, até mesmo como forma de faxinar todas as poeiras que possam ter sido responsáveis por muitos instantes de, no mínimo, dúvidas e incertezas.
E Irmã Celina sem dúvidas foi responsável por lágrimas, desistências, mudanças de rumo, que eu e com certeza todas as meninas do Maria Raithe, colégio no Rio de Janeiro, tiveram em suas vidas por influência direta de seus abusos emocionais.
E ela era apenas uma freira, professora de português, secretária da escola e prima-irmã do capeta.
E mesmo cristã, ao pensar nela, estremeço frente às lembranças de sua capacidade destrutiva.
Em meio a estas desagradáveis lembranças, surgem Alba, Tânia e Margarida, minhas adoráveis amigas e companheiras de infortúnio.
Quarenta e quatro anos se passaram e eu nada mais soube a respeito delas. Fomos as quatro mosqueteiras que, com certeza, também deixaram lembranças de muitas traquinagens, molecagens, absolutamente naturais de lindas garotas em um tempo muito ingênuo que, felizmente, se fixou em minha memória, adocicando o meu despertar destas demais lembranças tortuosas onde a Irmã Celina se faz presente.
Sai, coisa ruim!...

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