segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

POLITICAMENTE CORRETO

A inconsistência quanto ao reconhecimento do espetáculo da vida se dá principalmente por uma questão da própria história humana.
O homem jamais se ateve aos detalhes da sua e da formação da terra e do universo como um todo, preferindo transferir para Deus, fazendo de sua origem, um simplismo que, se não esclarece verdadeiramente nada, pelo menos o induz a ter fé, nem que seja uma fé apenas pontual e oportunista, afim de não comprometer seu intelecto social, mantendo-o dentro do perímetro do POLITICAMENTE CORRETO.
Aliás, mais do que nunca estamos vivendo esta era que veio, politicamente correta, substituir e principalmente camuflar hipocritamente, aperfeiçoando alguns velhos e arcaicos preconceitos que, devidamente sufocados, explodem a todo momento em forma de violência urbana ou suburbana, nos lares, nas escolas, no trabalho ou nas ruas, sem que haja uma explicação razoavelmente plausível.
Dizem e propagam melhorias sociais, e talvez elas estejam existindo aqui e em outras locais por este mundo afora, mas eu ainda não consigo enxergar além de um expressivo poder de compra, pelo menos aqui no Brasil.
O que observo é um crescente aumento de vendas de sons, geladeiras e tanquinhos, um substancial aumento de construções, tipo puxadinho, uma abusiva invasão à propriedade privada e o nascimento de uma classe média micha, porque não tem base educacional adequada, ficando o faz de conta de uma massa cada vez mais expressiva que pode pagar uma mensalidade de faculdade, acreditar que está preparada para uma competitividade que a cada dia fica mais cruel.
A realidade é que as grandes empresas estão encontrando nos últimos 10 anos, muitas dificuldades em encontrar profissionais devidamente qualificados, levando-os a buscar em outras praças, inclusive no exterior ou elas mesmas investem em seus já funcionários, enviando-os a fazerem cursos técnicos, universitários, estágios e etc.
Emprego não tem faltado, o que falta são pessoas qualificadas a estes empregos, e isto é abusivo, frente ao número cada vez maior de universidades que pipocam a cada esquina, onde haja pessoas com um certo poder de compra, mas que não disponham de discernimento quanto às suas reais possibilidades.
Diariamente, tenho a oportunidade de conversar com recém-formados, formados ou estudantes disto ou daquilo e, sinceramente, dá vontade de chorar. A maioria escreve o mínimo e muito mal , e em se tratando de um entendimento geral o gabarito é quase sempre Zero.
Às vezes, penso que está se formando uma legião de robôs, unicamente programados ao reconhecimento logístico do qual foram condicionados, ficando o raciocínio periférico a apenas alguns poucos, que eu chamaria de privilegiados intelectuais.
Quando faço este tipo de crítica, faço baseada no que sou capaz de absorver em meu convívio, no que leio e assisto e, principalmente, nas pesquisas, inclusive do próprio governo que, aliás, parece que pouca gente se importa.
Assusto-me cada vez mais com a alienação, quase nenhum entendimento venho observando nas pessoas, tudo está ficando muito superficial, e aí, o que fazer, se o politicamente correto é agir-se exatamente como a maioria.
Observo que todo aquele que se atreve a levantar uma questão já inserida no contexto do tudo bem é simplesmente execrado como se fosse portador de uma imbecilidade social qualquer.
A capacidade aglutinadora parece que está apenas reduzida ao entretenimento ou aos discursos populistas, onde a massa se aglomera com um único objetivo temporal, sem que haja verdadeiramente qualquer intenção de proteção de grupo como expressão de cidadania, onde todos de alguma forma são responsáveis.
Aquele refrão de que a união faz a força, já era, ficando apenas em se tratando de linchamento de bandidos, e olhe lá, dependendo de onde e do que eles fizeram.
Isto se chama individualismo, primo irmão do atavismo intelectual e cultural que se reflete na formação dos princípios básicos de qualquer preconceito que possa existir.
Bem, alguns dirão:
- O que tudo isto tem a haver com a origem da humanidade?
Eu diria que tudo, pois no momento em que cresce assustadoramente os conceitos de apartheid religioso, fazendo de Deus escudo para todas as respostas, tira-se da criatura humana o que ela tem de mais precioso, que é justo a sua capacidade de busca em prol de seu ajuste existencial, tornando-a um cordeiro obediente a isto ou aquilo que alguns poucos determinam como certo e ideal.
E pior, leva-a a crer que somente aqueles que comungam suas verdades, são merecedores de sua atenção e solidariedade.
Nunca, jamais em tempo algum, em meus muitos anos de vida, constatei tanto separatismo e incompetência quanto ao gerenciamento individual na convivência social.
E aí, torna-se impossível eu não questionar a interpretação que vem sendo dada à mensagens atribuídas a criaturas que foram tornadas santas, justamente porque foram contra em suas épocas a toda e qualquer ação puramente individualista. Este é um paradoxo entre a história e a realidade de nosso tempo e de muitos outros aspectos de tempos passados que me leva a pensar e a pedir ajuda aos meus amigos virtuais.
Quem sabe alguém possa esclarecer esta senhora confusa a respeito do politicamente correto e a realidade tão bruta e ressequida que se apresenta sem qualquer piedade nos relacionamentos interpessoais que desumanizam, assim como colaboram de forma abrupta para dizimar tudo quanto representa vida, que afinal, ao meu ver, é que deveria ser seguido como absolutamente correto e, portanto, inserido no intelecto humano como prioridade existencial, antes mesmo de qualquer dogma, conceito ou seja lá como se queira chamar.
Afinal de que serve na prática gastar-se tanto com ecologia se aqueles a quem estes estudos são direcionados, sequer sabem o valor de suas próprias vidas?
Não seria, então, o caso de inverterem-se as visões aplicativas, oferecendo primeiro ou concomitantemente o básico da vida, que começa com o respeito a si mesmo, através do entendimento de sua interação com a natureza em um ciclo contínuo e ininterrupto de vida?
Como podemos crer que estamos evoluindo em qualquer área do sistema social, se mantemo-nos abstratamente alheios à nossa prioridade, que é justo mantermos o sentido de grupo que, afinal, faz a bendita ponte entre nós e o tudo do todo que se representa através do nosso próximo, que pode ser qualquer vida que esteja em nosso universo pessoal?

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