quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

NOSSA, MÃE DE DEUS!

Relendo meus últimos escritos, constato o quanto me permiti desanimar e o quanto este precedente me fez mal, atingindo ao meu físico, alterando minha pressão arterial, sufocando meus pulmões que, por sua vez, trouxe-me uma enorme falta de ar, velha conhecida, mas já superada há muitos e muitos anos, que mais se parecia com uma persistente asma, mas que descobri, e curei, ser tão somente consequência de uma ansiedade profunda que já criara raízes de depressão.
Tudo isso não é novidade para mim, no entanto, basta um pequeno descuido e pimba, lá vem a safada se infiltrando sorrateiramente, tirando o brilho de meus instantes presentes, fazendo-me enxergar tudo muito cinza e isto, definitivamente, eu não posso querer para mim.
Portanto, levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima, escrevendo minhas crônicas, escoando os meus ais, reconhecendo a cada momento que a vida é maravilhosa e que se eu penso arrogantemente que já escrevi quase tudo, que eu volte então a escrever novamente, afinal, haverá sempre alguém que ainda não leu.
E aí, nesta manhã quase ensolarada, preguiçosamente sentada assistindo a Ana Maria Braga enquanto aguardava meu marido vaidoso em sua jornada matinal de banhos e espelhos, assisto a uma jovem e distinta senhora, casada, mãe de um menino de três anos, psicóloga, dançando e se permitindo ser feliz ao ponto de emocionar os telesptadores pelo seu esforço, mas acima de tudo, coragem de ir e realizar a sua fantasia de dançar como uma Deusa.
E neste observar emocionado, minha mente voa para um passado bem recente, onde também eu, fui capaz de superar todas as frescuras com as quais fui educada e com as quais convivi por toda a minha vida, e que hoje reconheço terem sido inúteis ensinamentos que colocaram em mim, firmes amarras que me impediam de ultrapassar certos limites, que, afinal, não me arrancariam pedaços, não faria mal a ninguém, mas que me fariam com certeza gozar de instantes de profunda felicidade.
E pode haver algo mais importante que ser feliz? Pois é..., na esquina do ponto certo, apreciava fascinada alguns parceiros da política, balançando suas bandeiras, dançando ao som estridente e alucinante da música partidária. Meus olhos brilhavam de desejo de ali com eles também estar, mas a vergonha, o preconceito, o medo estimulado pelas vozes de uma família tradicional, me impediam, até que consegui romper com toda a pressão e rumei em direção às escadinhas e, em segundos, com as pernas bambas e o coração saindo pela boca, lá estava a dona Regina, dando-se ao direito de ser feliz.
Ah! E eu fui, podem acreditar... A partir daquele instante, tirei carteirinha de usuária permanente e em todas as ocasiões em que voltei a vivenciar tão espetacular experiência, percebi que, em cada uma delas, eu sentia uma nova e fantástica emoção, que certamente fez de mim um ser humano um pouco mais humano e sem dúvida mais feliz.
Percebi também que nestas inusitadas ocasiões, somos brindados pela bendita oportunidade em burilar as nossas intenções em relação, primeiro, a nós mesmos, faxinando-nos, jogando no lixo as impurezas dos hábitos continuados, deixando livres os cômodos de nossa morada existencial, que é justo o nosso corpo que abriga a nossa mente, nossos sentidos e nossas emoções e, em seguida, ao tudo do todo no qual estamos inseridos, mas que infelizes, ansiosos e com mêdo, sequer somos capazes de senti-los.
E aí, nos irritamos por muito pouco, brigamos por quase nada, lamentamos por tudo, não enxergando sentido naqueles pequenos ou grandes detalhes que podem fazer de nós criaturinhas mais sorridentes, confiantes e amorosas.
Boas lembranças que me fizeram sorrir e a desejar muito que o período eleitoral chegue logo, afinal, mesmo sem ter um trio elétrico para subir, hoje eu sei que estarei preparada para cortar ladeiras e calçadas, defendendo o meu direito de resgatar direitos, relembrando deveres para pinçar de volta os direitos à uma educação séria, a um sistema de saúde humano e a uma assistência social respeitosa e digna.

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