domingo, 23 de maio de 2010

QUAL NADA!

Nesta manhã de domingo acordei pensando no quanto tenho exercitado minhas emoções a permanecer mais, digamos, equilibradas, não como uma necessidade prioritária, tão somente para um mais suave convívio social, mas principalmente para o convívio com toda a minha estrutura pessoal.
Descobri o óbvio da auto-análise de forma consciente acerca de mais ou menos dez anos e, de lá para cá, tenho empreendido árduas batalhas em prol de um aprimoramento que ainda está a anos luz de ser atingido, mas que já me oferece uma qualidade vivencial explicitamente mais favorável, permitindo-me, de forma progressiva, identificar tudo quanto penso, falo, faço ou aceito que me seja absolutamente inadequado.
Praticar este exercício de reconhecimento individual, trouxe-me gradativamente uma necessidade em reconhecer-me cada vez mais em todos os aspectos que posso vir a apresentar e conseqüentemente mostrou-me que nada posso representar nesta vida, seja para quem for, se não houver o entendimento de que em qualquer circunstância sempre serei a prioridade, jogando assim por terra a idéia falsa e hipócrita de doação existêncial, que apenas contribuiu para que eu perdesse os parâmetros e permanecesse por todo o tempo culpando-me em relação aos demais e, portanto, deixando-me sempre confusa, com um profundo sentimento de perda encravado em todas as minhas relações em forma de um vazio inexplicável, que descobri ser a grande impulsionadora da ansiedade que permeou toda a minha existência, e que fui identificando também nas outras criaturas com quem convivi.
O incrível desta minha descoberta pessoal é justo o fato de não ser inédita, fazendo-me enxergar com luzes brilhantes o quanto permanecemos na superfície de tudo, ou quase tudo, crendo sinceramente que somos atentos e responsáveis na prática de tudo quanto nos é ensinado.
Por toda a minha vida escutei, li e cheguei a presenciar criaturas que a esta prática se dedicavam, sem, no entanto, tirar o lúdico de cada aprendizado, como se tudo não já estivesse por mim sendo exercitado dentro de minha realidade cotidiana, que, é claro, eu sempre justificava ser mais complicada e repleta de inerências que me impediam à uma dedicação mais apurada, como se na vida daquele que mudara suas perspectivas tudo fosse um marasmo ou mais fácil.
Quanta camuflagem… Quanta perda de tempo.
Afinal, a simplicidade do ato de viver me prestigiando residiu junto ao medo de deixar transparecer a pessoa que verdadeiramente eu estava me tornando e que ia se transfigurando, sem que houvesse de minha parte uma real ação de controle entre o que minha natureza impunha e o que o sistema cruel e massacrante exigia que eu fosse, tornando-me, então, um arremedo de mim mesma, que somente o Lexotam e o Prosac em algumas ocasiões permitiu-me pensar falsamente que tudo estava bem.
Qual nada….

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