sábado, 22 de maio de 2010

Como é bom, meu Deus!

Estou com os olhos fechados, escutando lá fora a chuvinha miúda esparramando-se nas folhagens e penso, então, no quanto eu gostaria de estar entre as folhas para me banhar se não estivesse resfriada.
Lembro-me da sensação inesquecível de frescor e liberdade nas inúmeras vezes a que me dei a este prazer, que começou ainda menina, segurando a mão de minha mãe, ambas molecamente fingindo fugir da chuva que inesperadamente começara a cair nas areias da praia.
Mais tarde em Guapi-mirim, em várias etapas de minha vida, algumas vezes corri, fingindo fugir da chuva, o que na realidade era tão somente um ritual fantasioso onde apenas deixava-me molhar em uma entrega absurdamente total.
Como era bom, meu Deus!
Sentir o cheiro da grama molhada que se deixava afundar sob o pisar de meus pés e de braços abertos abraçar por instantes o tudo de bom que o aparente vazio representava e que me abastecia e me fortalecia para o enfrentamento dos fatais desertos que o cotidiano ofereceria.
O fascínio pela chuva sempre fez parte do estereótipo de meus mais loucos devaneios, assim como o surgir do sol, teimoso e atrevido, pedindo passagem, se fazendo presente, empurrando a chuva em um duelo de titãs.
Abro meus olhos, pois não escuto mais o barulhinho da chuva e em segundos lá está o sol abusado, trazendo junto a ele uma revoada de passarinhos, barulhentos e inquietos iguais a mim naqueles velhos tempos em Guapi-mirim.
Como era bom meu Deus! Como ainda é muito bom…
Bom dia para você também!!!!!

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