sexta-feira, 12 de março de 2010

O PALESTRISTA

Assusto-me com a ingenuidade que constato nas criaturas que fazem de alguma religião suas muletas existenciais.
Não sei se é exatamente este o têrmo a ser empregado, talvez seja muito mais uma cegueira voluntária ou uma necessidade tão grande de se sentir amparado de alguma forma, que a criatura simplesmente se abestalha, e vai aceitando tudo quanto vão lhe apresentando de louco, vulgar, primário, fazendo desta acolhida um meio de continuidade de uma espécie camuflada de proteção vivencial, onde não há espaço para análises e lógicas que não sejam as absolutamente voltadas à um aturdimento crescente com aparência de perfeita normalidade.
Em meio a uma palestra supostamente espírita, pude enxergar, com olhos assustados, cerca de duas dezenas de pessoas que, ao meu entendimento, deveriam ter mais "feeling" para detectar sabotagens pelo menos nesta área, já que em sua maioria são estudiosos e dedicados seguidores da referida doutrina.
Uma pantomima sem qualquer pretensão de qualidade, com o objetivo único de vender livros e CDs, orquestrada por uma criatura desprovida do senso avaliativo de si mesmo, que, durante sessenta minutos, regeu frases feitas, histórias truncadas, piadas e graças sem graça.
Um horror!... diria Alan Kardec, uma tristeza, diria todo aquele que com a alma serena, isento de maiores envolvimentos emocionais, estivesse buscando tão somente uma extensão de maiores conhecimentos ou alguns momentos regados a paz.
Foi lamentável, ouvi-lo dizer que há 39 anos percorre o nordeste em peregrinação de caridade e solidariedade. Bem..., diante do quadro que presenciei, nestas quase quatro décadas ele deve ter vendido um bocado de seus papos furados à gente crédula, de bom coração, ingênua ou mesmo sem qualquer entendimento do que seja uma doutrina tão séria e rica de ensinamentos quanto a espírita.
Ideal seria que os dirigentes das casas espíritas ficassem mais atentos e, por que não, rigorosos, quanto a seleção de seus palestristas.
Se não bastasse, o folder publicitário, exibe uma jovem senhora, que ele apresentou como sua filha, que é a organizadora de seu trabalho e que de quebra é evangélica. Portanto, o gato é lebre e por quase quarenta minutos meus ouvidos viraram pinico e minha paciência de JÓ.
PODE!?!?

Um comentário:

  1. Amiga Regina! E queridíssima escritora. Sinto a vontade para denominá-la assim.
    Acredito que todo ser humano, tem o direito de se expressar e mesmo passar o seu conhecimento, o pouco que tenha em qualquer ambiente, seja ele político, cultural, educacional ou religioso. E isto, não tem que ter padrão específico de qualidade, pois, nem todos o tem. Mas, de respeito e coerência.
    Agora, os ouvintes têm o direito e a obrigação de fazer perguntas e se manifestar, para que a partir daquele momento haja um diálogo e não um monólogo entristecedor e agonizante. E assim, as pessoas vão percebendo no que está agradando ou mesmo o que deva mudar.
    Sei que não deveria fazer nenhum comentário a respeito. Já que não participei para fazer "julgamentos".Beijos....

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