segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA VIDA

Acordei e, logo cedinho, abri o notbook e lá estava uma linda mensagem de uma querida amiga, parabenizando-me pelo dia internacional da mulher.
Que bom, não é mesmo?
Pois é, no entanto, logo em seguida, senti uma pontinha de inveja, por não ser assim, digamos, feminina e doce também, para lembrar-me destas datas tão significativas.
Acho que sou muito desligada e, de verdade, gostaria de ser mais participativa, pois jamais me lembro com antecedência destes dias especiais, e aí, corro para amenizar o mal jeito, mas nem sempre é possível e então tudo que me resta é ficar com cara de tacho, pedindo desculpas.
É dia disto ou daquilo o ano inteiro, e pensando nisso, lembro, salvo estar enganada, que não existe um dia especial para se comemorar a vida, ou será que existe e eu também não me lembro?
Mas será que as pessoas se lembram que são vida?
Não sei..., afinal, pelo que se pode observar, este negócio de vida, tem sido substituído por outros valores mais sedutores, até mesmo nos templos e igrejas, onde é mais possível ouvir-se que somos capazes de conquistar isto e aquilo, corrigir em nossos comportamentos mil posturas, mas não me lembro de estimularem a celebração da vida, como um hábito constante e amoroso de agradecimento a DEUS ou ao poder que representem.
Ora, Regina, deixa de marcar mico com esse papo barango de vida pra lá, vida prá cá.
Ninguém está podendo perder tempo com baboseiras sentimentais, óbvios incontestáveis e assim, de repente, enquanto normalmente penso no desleixo que se imprime a esta tal vida, que se transforma em filosófica, recebo a notícia que o Cal, aquele das frutas das Sete Portas, passou muito mal e foi levado ao hospital, pois acabara de sofrer um infarto com apenas trinta e poucos anos. Escapou por pouco, disseram os médicos, e então me pergunto se ele de agora em diante vai lembrar-se de cuidar melhor de sua vida, transformando pelo menos este dia de renascimento em algo especial ou se manterá confiante em tudo o mais que pode conseguir, justo porque desta ele escapuliu e de certa forma tornou-se, vamos dizer,"imortal"?!...
Ah! Meu Deus, se em ti eu cresse com a alienação existencial que percebo por todo o tempo, até poderia aceitar os desígnios de um destino à cada um de nós, mas não posso, enxergando e sentindo esta vida de forma tão poderosa e ao mesmo tempo translúcida, e então, os absurdos me assustam, assim como a ludicidade que por todo o tempo permeia a todos, levando o ser humano a valores absurdamente irreais, como se ideais fossem, como, por exemplo, fazer seminário, construir memorial para um bando de bandidos, assassinos e estrupadores como Lampião e todo o seu bando, fazendo de Maria Bonita modelo de mulher, a ser homenageada, levando certamente os bandos de bandidos, traficantes, tipo, BEIRA MAR, e tantos mais a se sentirem desprezados e relegados a planos inferiores em seus status criminais.
Que coisa, heim!!!,... como levar a sério qualquer coisa, frente a um quadro tão dramático, cruel, mas também cômico e surreal a nos estabelecer critérios comportamentais?
Como esperar que nossos adolescentes possam compreender detalhes fundamentais, como o uso de camisinha, não ingestão de drogas, e etc e tal, tendo como referências sistêmicas tantos descalabros a cada instante?
Como é possível, formar-se mentes progressivamente lúcidas em meio a constantes bombardeios alucinados, fornecidos justo por aqueles que deveriam, no mínimo, questionar tamanhos absurdos?
Onde estão os nossos sagrados e graduados historiadores, que deveriam há muito terem colocado tais personagens tão somente como referências históricas de fases negras desta ou daquela comunidade brasileira, que felizmente foi extirpada com a finalidade de dar fim aos seus desmandos?
Como podem permitir, qualquer exaltação a uma jovem cujo mérito maior foi ser amante de um bandido?
Como posso aceitar me colocarem, ou a minha mãe, ou todas as mães, ou simplesmente mulheres que se respeitam, no mesmo patamar de uma mulher, no mínimo irresponsável, que usou como desculpas o amor pelo seu Virgulino, para apoiá-lo a roubar, estuprar, matar e aterrorizar por onde passava, na postura de um senhor maior, mandatário da vida e da morte dos demais?
Perdoem-me a veemência, assim como a minha total incapacidade em aceitar, aí sim, posturas sistêmicas que ao meu ver só trazem um monte de induções contraditórias e perniciosas às mentes já tão enfraquecidas e desfocadas de jovens e adultos.
Portanto, diante disto e de tantos outros absurdos é que luto dia-a-dia pela introdução nas escolas da disciplina, VIDA E LIBERDADE, para que em um futuro não muito distante, possamos encontrar novos historiadores, traçando correções nos fatos de nossa história, estabelecendo valores estruturais de respeito à própria vida, que é justo respeitar a vida que reside em nós.
Bom Dia!
E parabéns, para nós mulheres, que no cabo da enxada, da vassoura ou da caneta, fazem, juntamente com os homens, sejam pais, maridos, colegas ou companheiros, a vida ser mais bonita e repleta de luz.


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