quarta-feira, 24 de agosto de 2022

SALVE-SE QUEM PUDER

Pesquisando sobre a força e a coragem das mulheres do passado, confesso que me senti uma boa porcaria, afinal, eu me achava a tal, aquela menina de classe média que rompeu barreiras para ser o que a maioria de sua geração desistia antes mesmo de começar, justo pela força de hábitos e costumes enraizados numa sociedade extremamente patriarcal, mas já arranhada pelas explosões de mudanças de paradigmas que, no entanto, não atingiu a grande maioria que continuava seguindo os velhos padrões.


Apesar de ser estranha, tendo pequenos e isolados surtos, digamos inconvenientes de rebeldia, precisou caminhar muito e ser testada pelo cotidiano para finalmente, deixar as vestes do obscurantismo atávico educacional cair, para poder vestir de forma coerente uma nova vestimenta que se coadunasse com ela e deixasse florescer a mulher visionária que nela existia.

E aí, rapaz, ninguém mais me segurou e fico pensando que se eu tivesse um temperamento mais ousado, provavelmente teria feito arrepiarem os cabelos sedosos e negros de minha elegantíssima mãe.

Todavia, herdei dela a discrição com pitadas de arroubos explosivos de meu pai, só para quebrar a monotonia de ser por todo o tempo, uma songamonga, num mundo em que, de nada adianta ser estudada, boazinha e educada, se aliado a este esforço pessoal, não residir a sensualidade envolvente ou a destemida capacidade de romper barreiras, quebrando sem pudores, velhos padrões, trazendo pra si, os louros da aparição pública e inerentes desgastes Afinal, estamos vivendo a era do populismo em todas as áreas sociais e as frescuras do que “podem pensar”, só impressiona as bestalhonas de plantão, assim como eu.

Mas tudo bem, afinal, se eu fosse diferente, certamente estaria numa outra condição emocional e estaria contrariando o melhor que pude absorver nesta caminhada existencial que foi justo a paz que progressivamente foi adentrando em mim de forma espetacular.

No entanto, vez por outra, gosto de me comparar até para me convencer que apesar de ter mantido em mim a babaquice dos anos cinquenta, consegui equilibrar os mesmos com o arrastão de novos valores que chegaram com os anos sessenta, mantendo em mim, o respeito por mim mesma, mas confesso que hoje em dia, a moçada, infelizmente, não tem valores enraizados para distinguirem os riscos de mergulharem fundo nas novidades, faltando-lhes as boias de apoio e salvação e sobrando ondas convidativas de prazeres e glórias momentâneos, sufocando os parâmetros familiares quando existem e os educacionais sem induções sistêmicas que permitam a eles, qualquer tipo de avaliação comparativa e aí, não há limites...

E neste mar confuso e repleto de correntezas, o “salve-se quem puder”, é a chave de qualquer aparente sucesso.

Penso então que Graças a Deus, não estou sozinha, afinal, ao olhar somente ao redor, ainda encontro outras sobreviventes que não abriram mão do amor, palpável, cheiroso e aconchegante em suas vidas em tudo quanto, possam enxergar, tocar ou desejar...

Bom dia Dona Regina!!!!

Filosofia, as quatro da matina?

Quem tem tempo e disposição para isso?

Acorda menina!!!!

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