quarta-feira, 17 de agosto de 2022

LENTES DA ALMA

Acordei tarde depois, de escrever um longo texto onde mais uma vez mergulhei em minha profundidade, com uma única intenção, como sempre, afinal, nada, absolutamente nada é pueril ou desconsiderável nas minhas emoções. Precisava compreender minhas inquietações, provocadas pelas lentes observadores de minha alma.

 Esta é uma prática corriqueira, responsável pela permanência da sempre paz que me envolve.

Tudo sempre foi tão intenso, tão poderosamente envolvente que não sobrou tempo para sentir o que todos parecem não dispensarem em seus cotidianos.


Na noite passada de um ainda inverno, permaneci quase que isolada, esforçando-me enormemente para atender a um ou outro que me procurou. 

Precisava ficar só sem ter que fingir que sei menos sobre a vida, as almas e as mentes, quando na realidade se escancaram despudoradamente diante de mim, mesmo distantes ou silenciosos.

Porquê de tantas mentiras, tantos desvios, tantas artimanhas?

Porquê de tantos quereres e tantas decepções?

Porquê de tantos ganhos e tantos vazios?

Porquê é o tudo que me resta, frente a esta incrível vida, esplêndida beleza, grandioso poder...

Porquê falo com Deus com tanta facilidade sem precisar ir aos céus e tão pouco, decair no inferno, para que ele piedoso venha me resgatar? 

Sinto este Deus desde a mais tenra idade e em seu colo deito sempre que encosto minha cabeça em meu travesseiro, sentindo a maciez de seu aconchego e juntos adormecemos, até um novo amanhecer.

Mas é quando estou nas águas mansas e mornas de minha Ponta de Areia, é que em estado de entrega absoluta, sinto que lhe pertenço, desmaiando a mente, relaxando o corpo e deixando-o abraçar-me e me possuir por inteiro...


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