Eu o aguardava em setembro, mas por alguma razão ele se antecipou e chegou trazendo seus parceiros de cantos e acasalamentos anuais e como sei disso?
Simples, eles me despertaram com o seus lindos cantos logo, bem cedo, antes do dia clarear, horário escolhido por eles, pela quietude do ambiente, podendo assim, serem ouvidos com nitidez.
São como eu que gosto dos amanheceres para conversar com Deus, oro escrevendo, enquanto contemplo a criação Divina, pois nestes momentos, sinto que Deus é só meu, afinal, nem Deus escapa de meu temperamento possessivo.
Agora tudo se completou e durante os próximos meses, mais precisamente até o final de janeiro ou com muita sorte até fevereiro, eles farão parte dos meus amanheceres e dos meus entardeceres, fazendo seus ninhos nas quinas da varanda, cercando meus quatro cantos com suas presenças apaixonantes.
Neste instante, posso ouvir um deles cantar, escondido em algum galho entre as folhagens da mangueira, já que começou a chover e eu, abobalhada de prazer, sinto-me a mais venturosa criatura da face da terra.
Incrível é a nossa relação de amor, imaginem que enquanto descrevo seus cantos, posso senti-los mais perto, já escondidos no beiral da varanda bem diante de meus olhos.
Safados estes sabias, pois, bem sabem que escrevo sobre eles e então, se exibem para me darem mais e mais inspiração.
Penso então, que Deus se personaliza por todo o tempo em qualquer uma de suas criações só para ser enxergado e consequentemente, amado por mim e por todo aquele que se dispõe a encontra-lo.
Hoje, seria uma data triste, lembrando do meu Roberto, no entanto, como sê-lo com a presença de Deus encantando-me?
Meu sabiá que dizem que é laranjeira, mas que para mim é só amor, voltou e com ele, muitos textos produzirei, muitas orações faremos, ele cantando e eu, agradecendo.
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