Não posso
minha filha, pois é o lugar que amo e escolhi para viver.
Mas a
senhora sofre...
Sim. sofro,
porque tenho a consciência do quanto ela é maltratada por seus governantes e no
quanto, grande parte do povo é dependente de um emprego da prefeitura e, outra
parte, é submissa o suficiente para se dobrar ao seu próprio abandono social.
Quero fechar
os olhos, mas não posso, minha consciência não permite.
Mesmo
estando longe de minha Itaparica, cerca de 2.709 km, o que corresponde a 35
horas de viagem terrestre e quatro horas de voo, não consigo fingir que ela não
existe ou que sua beleza natural suplanta o desmazelo de seu cotidiano, e aí,
todos os exemplos que vivencio, passam a ser retratos vivos do quanto ela com
sua beleza geográfica, está abandonada.
Nestas duas
semanas de viagens, não estive em um só lugar cujo bem estar da população e
belezas físicas apresentadas, não fossem obras da construção do homem, enquanto,
Itaparica, por si só, ostenta-se como um
quadro de beleza exuberante, com um por do sol fascinante, com uma gastronomia
de raiz típica e variada, herança de uma cultura que tem sido soterrada pelo
constante abandono.
Quando
ficamos muito tempo fechados nos mesmos hábitos e costumes, tendemos a esquecer
que existe um mundo, lá mais adiante, para nos servir de parâmetros e passamos
a acreditar que o Brasil é o que enxergamos, que os políticos, são todos como
os noticiários mostram, e que o povo, vive as mesmas mazelas que nós
vivenciamos em nosso cotidiano.
Isso não é
real, somos filhos de uma pátria progressista, se bem que muito machucada,
devido as constantes chibatadas dadas pela improbidade de muitos malfeitores do
erário público, todavia, há uma resistência saudável e lutadora que insiste na
manutenção da grandeza deste país, fazendo dele, amparo e sustentabilidade para
todos nós, ainda alijados da ventura social.
Então, eu
não comparo, pois seria injusto, não menosprezo, pois, estaria pisando em meu
próprio solo amado, mas lamento constatar tanta vergonha pública perante os
céus.
E como
símbolo do chicote da improbidade, temos diariamente a empresa ARQTEC,
passeando por nossas maltratadas ruas em um deboche sistemático, nos mantendo
reféns de nossos próprios lixos.
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