Entra dia e
sai dia e não mais se vê bons exemplos no cotidiano sendo alardeado pela mídia,
a não ser, é claro, em programas pontuais, quando o assunto são os trabalhos
sociais de ongs, fundações e correlatos.
Refiro-me aos
exemplos individuais, e aí, faço um parêntese para nortear o objetivo desta
escrita, que é focar no exemplo de ações individuais, caso contrário, daqui a
pouco, não faltarão os especialistas de plantão que logo farão correlação com
as ações oriundas de pessoas políticas, exaltando seus espíritos magnânimos.
Também, não
me refiro a aquelas pessoas que com suas próprias ações pessoais, mais que
doarem algo aos demais, doam-se e, agindo desta forma, ultrapassam a barreira
do apenas ato terreno e adentram na superfície da universalidade, e para ser
compreendida, cito Irmã Dulce, por ser uma figura mais conhecida e próxima da
maioria dos que me leem.
Penso e
escrevo sobre o simples ato de vivenciar a vida, carregando através de suas
posturas pessoais, ações e intenções agregativas e que, por consequência,
inspiram a outras a querer ser como ela e que mesmo que inconscientemente, copiam
parte dela, tornando-se imediatamente, exemplos para outros.
O mundo está
repleto de pessoas inspiradoras, mas por agregarem em si a discrição pessoal,
deixam também reduzidas as propagandas das suas ações inspiradoras, pois é
sabido que também o que não faltam são as cópias piratas que pongam nos belos
exemplos para, de alguma forma, arrastar algum tipo de brilho para si.
E aí, fico
pensando que esta perda é incomensurável, pois estabeleceu-se como critério
avaliativo, o feio, o pejorativo ou, tão somente, o impactante, aquilo que
atrai os holofotes e as atenções imediatas, num frenesi alucinado que precisa
ser substituído a cada instante, por algo ainda mais emocionante, pois a
leviandade é sempre crescente.
Liga-se a
televisão e lá estão os famosos apresentadores com seus quadros de supostas solidariedades,
transformando-os em semideuses intocáveis, arrancando lagrimas de emoções de
cada um de nós, mas também auferindo a eles, além de um estrondoso sucesso em
suas carreiras e vida pessoal, muitos milhões para suas contas bancárias.
Afora esses
exemplos citados, aonde mesmo podemos encontrar exemplos inspiradores em
relação à solidariedade humana?
E ao menos
de verdade, podemos admitir que, ao vê-los, saberíamos reconhece-los?
Na
realidade, nos acostumamos a reconhecer o brilho que seduz, afinal, há muito se
sabe da importância do impacto da ação emocional em relação a imediata reação e
é esta premissa verdadeira que oferece não só o Ibope expressivo, como dita
comportamentos de massa.
Repare que nas
novelas, livros, filmes ou narrativas, o bonzinho é sempre um babacão doce e
quase sem expressão, enquanto, o mau caráter, faz um sucesso absurdo,
tornando-se inesquecível.
Porém,
apesar de inesquecíveis, também são fontes inspiradoras, estimuladores
persistentes que adentram nas mentes, estimulando-as a quererem ser iguais e
numa competição, é claro que os bons saem perdendo; vejam que nas campanhas
políticas ganha, na maioria das vezes, aquele que mais critica o antecessor,
mais promete mudanças e mais tem carisma para convencer, não sendo
necessariamente o realmente competente que se mostrava.
Fico
pensando que realmente está difícil evitar-se os caos urbanos e suburbanos, já
que só o deplorável faz sucesso.
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