terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

O IDEAL


Passei minha vida observando e interagindo com a vida, provavelmente, não tanto quanto deveria, mas o suficiente para constatar que o “ideal” de todas as naturezas, que transformaria o fato de existir em absoluto prazer, simplesmente, não existe.
Afinal, no ideal seja lá do que for, não há espaço para a presença da imposição, que sorrateira se camufla em mil formas, ¬¬principalmente nos dolorosos preconceitos impedindo brutalmente, que o ideal maior que denominamos como respeito, se estabeleça em todo e qualquer relacionamento, existindo apenas, as conveniências, inimigas mortais da liberdade de ser e de pensar.
Acredito que o senso de sobrevivência, além da profunda insegurança, quanto ao fato de se ver existindo, leva a criatura humana a temer a solidão sistêmica e o abandono social, assim como a vaidade de se colocar se não no topo de qualquer hierarquia de poder, pelo menos bem próximo dele.
E aí, como discordar daqueles(as) que inspiram a sensação de segurança e ainda lhes garantem a bendita sobrevivência?
A experiência de vida mostrou-me sistematicamente que a maioria das pessoas discordam, nem que seja em partes, dos seus pares ou líderes, todavia, muito mais por prudência do que crença, fingem uma concordância falaciosa, o que, infelizmente, joga por terra todas as premissas relacionadas à essa tal de liberdade, muito desejada, falada e cantada em versos e prosas, mas que na prática, se perde no vazio da certeza absoluta de que ao agradar a si mesmo, certamente, estará contrariando e se tornando inadequado.
Daí, não ter existido um só sistema político que tenha representado esse ideal, pois todos, inclusive a Democracia, são formados e mantidos pela criaturas humanas, arrogantes déspotas que se diferenciam tão somente, pelos discursos que apresentam, mas que se assemelham no estereótipo do inseguro mor, executando, excluindo ou desconsiderando todo aquele que dele discorde, tendo como escudo de proteção, os sobreviventes e inseguros que lhe cercam.
Há muito concluí que o ideal de qualquer coisa que exija um sim ou não em relação à outra pessoa, que represente alguma forma de poder, é tão fictício quanto a liberdade que se declara ter, afinal, se há discordância em relação a um, é porque o discordante está concordando com outro sem, no entanto, ter o seu senso de liberdade literalmente livre para tecer sua própria lógica, já que se fechou em conclusões induzidas e não por constatação de sua mente avaliativa.
Daí, as explosões passionais que se apresentam sem limites nos ambientes onde o sufocado pela dor do aprisionamento social, se sente seguro e amparado para impor o seu próprio poder, levando muitas vezes à morte o outo(a) que sob o domínio da insegurança generalizada, se mantém exposto à fúria de um dominador, ao qual, ousou desafiar.
Complicada é a mente humana...

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