Sou do tempo
em que não haviam os plásticos e todo mundo fazia compras numa boa, pois tinha-se
bolsas de vime ou lona, cestos, carrinhos de feira e etc.
O mar e os
rios ainda estavam razoavelmente limpos e o maior problema eram os esgotos das
cidades e a sempre imundície das pessoas que, já naquela época, jogavam
detritos, móveis, pneus e eletrodomésticos nos rios.
Ainda me
lembro que nas padarias, o pão era entregue em sacos de papel, o que era
magnífico, pois ele não murchava, não suava e, portanto, não mofava no dia
seguinte, tinha-se até saquinhos de pano em casa na cozinha para armazenar as
sobras.
A Coca-Cola
e os refrigerantes em geral eram vendidos em embalagens de vidro, e o sabor
jamais voltou a ser igual, depois do advento das embalagens de plástico.
Nos
açougues, assim como é até hoje na Europa, a carne era embalada em papel pardo.
Enfim, vivia-se
e, cá para nós, com uma qualidade de vida infinitamente melhor que hoje, que
dispomos de tantos aparatos plásticos,
isopores, embalagens coloridas e absolutamente desnecessárias, além de nos
oferecer uma comodidade burra, pois contribuímos com a nossa preguiça ou pouco
caso com a destruição do planeta(nosso).
De lá para
cá, infinitos seminários, encontros e ongs se formaram, milhões em custos de
estudos e pesquisas, cursos e mais cursos acadêmicos ou técnicos foram criados,
no combate a desgraçada poluição que nos mata a cada instante.
Todavia,
quando uma ação de combate à mesma, surge, nem que seja um pequeno passo para
uma conscientização de que precisamos mudar nossa visão de vida e do planeta,
lá vem os especialistas, num combate ferrenho, utilizando-se de todos os
argumentos, inclusive jurídicos para jogar por terra o que poderia ser o início
de uma grande mudança de hábitos e costumes.
Enquanto
isso, assuntos outros, permanecem esquecidos no fundo das intenções salvadoras
do mundo, como a insistente e vergonhosa miséria humana que mora bem ali, no
dobrar da esquina, mas que como não rende Ibope, pois é recorrente em todos os
cantos deste mesmo planeta, se mantém inabalável e sempre crescente, pois os doutores
dos saberes múltiplos, preferem não incluir nas suas aulas de sabedoria as
mudanças comportamentais que envolvem o ser humano em sua capacidade produtiva
e amorosa, tendo o seu bendito começo na educação.
Voltando à
nossa cidade e à polêmica das sacolas de plástico, lembro que se o vereador
nada faz, paulada nele, mas se faz, novamente paulada nele e se não faz dentro
dos padrões rígidos dos especialistas, mais e mais paulada nele.
Assim fica
difícil encontrar-se um ponto de convergência que se enquadre no ideal de desenvolvimento.
Pessoalmente,
aplaudo a iniciativa do vereador Jorge de
Dadinho, lamentando apenas que não tenha encontrado amparo de continuidade através
das secretarias de saúde e educação, pois ambas são partes integrantes e
essenciais em uma campanha desta natureza, para que não houvessem tantas
polêmicas e o cidadão tivesse sido avisado com certa antecedência, se bem que nas
ocasiões que tenho ido às compras, não ouvi, ninguém reclamando.
E olha que
só compro nos locais considerados como redutos do povão.
Espero que
algum vereador de Vera Cruz e de Salinas, acompanhe a ideia e que a estenda
para copos, canudos, talheres e pratos de plástico.
De agora em
diante, tudo será motivo de discussão, o que não ocorreu nos três anos que se
passaram, onde dois ou três personagens da cidade, no que me incluo, de forma
pontual, foram capazes de erguer suas vozes para denunciar o inadequado.
“Eu
quero ajudar a cuidar do meio ambiente, mas, por favor, não mexam nos meus
hábitos”.
Essa é a
nossa sociedade que, verdadeiramente, não sabe o que quer.
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