quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

DANCE COM UMA MÚSICA DESSA...


Sou do tempo em que não haviam os plásticos e todo mundo fazia compras numa boa, pois tinha-se bolsas de vime ou lona, cestos, carrinhos de feira e etc.
O mar e os rios ainda estavam razoavelmente limpos e o maior problema eram os esgotos das cidades e a sempre imundície das pessoas que, já naquela época, jogavam detritos, móveis, pneus e eletrodomésticos nos rios.
Ainda me lembro que nas padarias, o pão era entregue em sacos de papel, o que era magnífico, pois ele não murchava, não suava e, portanto, não mofava no dia seguinte, tinha-se até saquinhos de pano em casa na cozinha para armazenar as sobras.
A Coca-Cola e os refrigerantes em geral eram vendidos em embalagens de vidro, e o sabor jamais voltou a ser igual, depois do advento das embalagens de plástico.
Nos açougues, assim como é até hoje na Europa, a carne era embalada em papel pardo.
Enfim, vivia-se e, cá para nós, com uma qualidade de vida infinitamente melhor que hoje, que dispomos de tantos  aparatos plásticos, isopores, embalagens coloridas e absolutamente desnecessárias, além de nos oferecer uma comodidade burra, pois contribuímos com a nossa preguiça ou pouco caso com a destruição do planeta(nosso).
De lá para cá, infinitos seminários, encontros e ongs se formaram, milhões em custos de estudos e pesquisas, cursos e mais cursos acadêmicos ou técnicos foram criados, no combate a desgraçada poluição que nos mata a cada instante.
Todavia, quando uma ação de combate à mesma, surge, nem que seja um pequeno passo para uma conscientização de que precisamos mudar nossa visão de vida e do planeta, lá vem os especialistas, num combate ferrenho, utilizando-se de todos os argumentos, inclusive jurídicos para jogar por terra o que poderia ser o início de uma grande mudança de hábitos e costumes.
Enquanto isso, assuntos outros, permanecem esquecidos no fundo das intenções salvadoras do mundo, como a insistente e vergonhosa miséria humana que mora bem ali, no dobrar da esquina, mas que como não rende Ibope, pois é recorrente em todos os cantos deste mesmo planeta, se mantém inabalável e sempre crescente, pois os doutores dos saberes múltiplos, preferem não incluir nas suas aulas de sabedoria as mudanças comportamentais que envolvem o ser humano em sua capacidade produtiva e amorosa, tendo o seu bendito começo na educação.
Voltando à nossa cidade e à polêmica das sacolas de plástico, lembro que se o vereador nada faz, paulada nele, mas se faz, novamente paulada nele e se não faz dentro dos padrões rígidos dos especialistas, mais e mais paulada nele.
Assim fica difícil encontrar-se um ponto de convergência que se enquadre no ideal de desenvolvimento.
Pessoalmente, aplaudo a iniciativa do vereador  Jorge de Dadinho, lamentando apenas que não tenha encontrado amparo de continuidade através das secretarias de saúde e educação, pois ambas são partes integrantes e essenciais em uma campanha desta natureza, para que não houvessem tantas polêmicas e o cidadão tivesse sido avisado com certa antecedência, se bem que nas ocasiões que tenho ido às compras, não ouvi, ninguém reclamando.
E olha que só compro nos locais considerados como redutos do povão.
Espero que algum vereador de Vera Cruz e de Salinas, acompanhe a ideia e que a estenda para copos, canudos, talheres e pratos de plástico.
De agora em diante, tudo será motivo de discussão, o que não ocorreu nos três anos que se passaram, onde dois ou três personagens da cidade, no que me incluo, de forma pontual, foram capazes de erguer suas vozes para denunciar o inadequado.
“Eu quero ajudar a cuidar do meio ambiente, mas, por favor, não mexam nos meus hábitos”.
Essa é a nossa sociedade que, verdadeiramente, não sabe o que quer.




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