Olhando uma
postagem da amiga Consuelo Velasco, imediatamente, lembrei-me de minha
juventude e da constante motivação que me fazia suplantar qualquer dificuldade,
que era justo o prazer de viver.
Não havia consciência
do não sentir medo, pois tudo era natural. Apenas, vivíamos o dia a dia com
suas dificuldades fossem quais fossem, mas sem a pressão paralisante do medo de
estar existindo, exposto ao acaso da liberdade do outro.
Ao longo dos
anos que se seguiram, ganhamos no progresso científico e tecnológico, ampliamos
nossa capacidade em interagir com o restante do mundo, transformamos nossas
telinhas de celulares em instantâneos de qualquer natureza, mas perdemos,
definitivamente, a bendita liberdade que era real, pois não era pensada, apenas
exercida, como o ar que respirávamos.
Saudosista,
claro que sou e pergunto como não ser depois de atravessar as últimas três décadas
temendo por minha vida na esquina, no açougue, no cinema e, até mesmo, no
aconchego de minha casa, por um maluco viciado qualquer, na loucura de sua
liberdade?
Viver
trazendo consigo a sombra do medo, sem qualquer real espontaneidade, legítimo passaporte
para momentos de paz, pode ser tudo, menos liberdade.
Tempos
difíceis, estes que estamos vivendo...
Mas para
quem não conheceu outra forma de viver, fazer o quê, dizer o quê?
Afinal, eles
jamais entenderiam, porque os valores, certamente outros, faziam de nós
unidades vivas e pulsantes, éramos pessoas. Hoje, são tão somente anônimos,
esmagados ou amordaçados em nome desta tal de liberdade que os transformam em
estatísticas, também de qualquer
natureza.