Respiro um
pouco mais fundo e posso então sentir o cheirinho de terra molhada que
majestosamente me invade muito mais que às narinas, pois sinto que banha o meu
interior de mulher sensível, apaixonada, que a tudo que vê e sente precisa
encontrar explicação que justifique tantos desencontros entre nós, criaturinhas
humanas, ainda tão minusculamente incapazes de nos comover com a única certeza, depois, é claro, da morte que é a racionalidade da
compreensão de apenas haver um dia após o outro.
E neste pout porri incansável e, portanto, ininterrupto,
cá estamos nós com as espadas afiadas de nossas próprias incompreensões, brandindo-as
sem qualquer noção minimamente adequada, tudo e a todos que a nós, não disser:
- sim.
Paro por um
instante de registrar minhas observações matinais, tombo que desanimada minha cabeça,
esfrego os olhos, como se assim fazendo, pudesse fazê-los enxergar melhor, não
o externo, cujo óbvio se apresenta, mas a própria essência de tamanha
estupidez.
Recupero em
parte a minha por um instante perdida insensatez, arma poderosa que me faz
manter a espada em riste, crendo ser melhor não sentir o tudo de real, pois não
há ainda espaço entre nós, criaturinhas ignorantes, onde se possa habitar a
lógica da universalidade, onde tudo se integra e tudo se recompõe, nada se desperdiçando,
tudo se recriando.
Novamente
sou atraída para o jardim e já não sou capaz de ouvir a chuva e tão pouco sinto
a terra, mas com certeza, ouço os pássaros, os grilos e toda esta bendita
natureza me perdoando, pela estupidez que ainda habita em mim.
E então,
recordo Casimiro de Abreu, poeta brasileiro que viveu entre 1839 e 1860.
1. - Perdão pra mim que não pude, calar a voz do alaúde nem comprimir os meus ais! ...
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