quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PERDÃO - CORREÇÃO




Ao iniciar uma intensificação pessoal de compreensão dos meus relacionamentos interpessoais há cerca de 20 anos atrás, assim como em relação a minha postura psicológica, jamais poderia imaginar que iria tão fundo e tão pouco poderia mensurar as emoções que permeariam o meu contexto de criatura humana.

Comecei de mansinho, pisando leve, questionando meio desajeitada, fazendo-me crer que tudo seria possível nesta trajetória como forma de consolo ou talvez de camuflagem para as sensações que, logo de imediato, passei a sentir em cada mergulho que me permitia dar em meu interior de pessoa acostumada que estava a disfarçar o máximo possível o efeito devastador do toma lá da cá hipócrita que geralmente é o relacionamento com os demais.

Nenhum progresso seria possível se eu não me permitisse expor-me para mim mesma em atos sucessivos, bem próximos de um exorcismo impiedoso, onde o objetivo era o de conhecer ações e reações, querendo, através deste exercício, encontrar o cerne gerador de tantas controvérsias ao meu instantâneo e natural entendimento de que algo deveria estar errado e que eu supunha, sem base argumentativa, ser produto de uma vaidade inconsequente, capaz de direcionar-me a cometer falhas primárias em minhas condutas frente ao consequente fracasso ou sucesso com o outro.

Percebi, após algumas revelações íntimas, que seria necessário um mecanismo de defesa que me permitisse abrir minhas comportas sem que a flagelação se impusesse e, por sua vez, me mantivesse sob o domínio do medo em não querer ver e sentir meus próprios defeitos ou distorções, ou os dos outros, transformando cada revelação em uma decepção imediata.

Eu precisava encarar estas experiências como um aprendizado bendito que me permitisse desenvolver a tolerância e a compreensão para comigo e para com os demais, fazendo-me encarar cada uma delas como uma oportunidade em burilar o sentido de convivência para que esta representasse por todo o tempo uma adição de conhecimentos agregadores a um viver melhor.

Maravilhosa decisão, pois de lá até o momento presente, este viver melhor foi se consolidando e transformando-me em um alguém mais genuinamente solidário comigo e com os demais, tirando de mim a pressa em relação a qualquer conquista se a ela não estiver atrelado à segurança do entendimento, dando assim, por todo o tempo, a generosa oportunidade em vivenciar qualquer situação onde haja outro alguém envolvido sem que eu tenha expectativas aleatórias e possivelmente frustrantes mais adiante.

Afastei, portanto, a surpresa desagradável da constatação futura deste ou daquele aspecto que de alguma forma poderia vir a tirar de mim o prazer de estar fazendo ou convivendo, deixando tão somente abertas as portas das oportunidades vivenciais.

E agora, escrevendo sobre isso, chego a conclusão de que em momento algum cerceei-me ou deixei de sentir, apenas eliminei a precipitação afoita que se transformava imediatamente em uma cruel inconsequência que me fragilizava e me tornava cega frente ao fato primário que dos demais, deveria colher tão somente o que me fosse afim, sem que com isto, todo o seu todo precisasse ser questionado ou o que é pior e devastador, absorvido por mim.

Assim como aos outros haveria sempre o meu constante respeito e a minha consideração em não oferecer meu manancial de  camuflagens, justo para não confundi-lo, levando-o a engolir gato por lebre, por ser tão somente, o politicamente correto.

Esta minha decisão, transformou-se ao longo da evolução de meus esforços diários em um selecionador natural, fazendo de mim, não alguém que abusadamente seja uma seletiva e arrogante, mas apenas em uma pessoa que não vê sentido em perder o seu precioso tempo de vida que, afinal, é espetacular em uma perda de  energias absurdamente irrecuperáveis, sem contar que passei a desfrutar de uma harmonia  geral, impossível de ser descrita.

Não posso impedir a inconsequência alheia, mas posso suportá-la sem que sua devastação me invada e me destrua, pois tão logo  a perceba, transformo-a em mais uma experiência que se somará a minha bendita bagagem de vida e liberdade que impulsiona a minha vontade voluntária em por todo o tempo não ter medo de ser feliz, só porque a minha volta exista os vampiros existenciais, sempre prontos e dispostos a minar e destruir a grandeza da existência e da convivência cotidiana.

Perdão então para mim em todas as vezes que por descuido e falta de atenção, escancarei meu coração sem me ater a quem.


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