quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FIM DE ANO


Pois é, o ano está terminando e eu ainda estou viva! Isto é maravilhoso, dada a realidade de que eu não sei o que existe lá do outro lado, que até pode ser fantástico como retratam os religiosos, mas, pelo sim pelo não, prefiro ir ficando por aqui, pois o terreno e o cheiro da merda já me são conhecidos, assim como os perfumes e todas as benécias que estar vivendo proporciona.


Este foi mais um ano extremamente gratificante, pois tive o privilégio de vivê-lo intensamente, levando em conta o número de novas pessoas com as quais pude conviver em minhas atividades, ampliando significativamente meu leque de conhecimento e entendimento sobre as pessoas, o que no meu caso particular é fundamental, pois para escrever, sejam as crônicas para o jornal ou para os livros, preciso sempre de subsídios reais, palpáveis, visto que sou antes de tudo uma atenta pesquisadora das posturas humanas.


Neste final de ano, meu aprendizado foi maior, porque centrei minhas atenções em mim mesma, mais do que o fiz por toda a minha vida e, é claro, não foi fácil reconhecer o quanto de pouco ainda sei destes “serzinhos” maravilhosos e aterradores, que chamamos de gente humana. A complexidade sempre criativa a novos aspectos, garante o desconhecimento milenar na área das ciências psicológicas, ficando sempre em aberto a outras possíveis designações patológicas, todo e qualquer diagnóstico que se considere sério, deixando-se sempre uma margem a também possíveis outros aspectos ainda não detectados nas avaliações.


Ah!… cá estou eu novamente adentrando em áreas de difícil acesso, cujo interesse das pessoas só ocorre quando, de repente, se veem em situações das quais não conseguem driblar, como o fazem por todo o tempo em relação a tudo o mais.


Pois é…, nos dias atuais de amizades e amores virtuais, o toque, o cheiro, a sensibilidade têm se afastado do convívio humano, e aí, penso em como será daqui a pouco, digo, cinco a dez anos, se hoje já está tão difícil em certas ocasiões interagir sem sentir a presença da banalidade e da individualidade serpenteando as nossas relações em qualquer nível em que nos encontremos.


É claro que compreendo que são e sempre serão novos tempos, mas a pergunta que faço a mim mesma a todo instante é se nós, criaturas humanas, seremos capazes de continuar nos diferenciando dos demais elementos, justo porque possuimos uma mente racional, e se esta poderá ser considerada humana sem que nela resida a sensibilidade afetiva, garantindo a razão saudável a mente ou nos tornaremos selvagens racionais, com emoções instintivas nos assemelhando a tigres e leões..


Por outro lado, somos tão inteligentes que poderemos, certamente, desenvolver novas capacidades sensitivas, mas até que isto ocorra e se prolifere, tornando-se hábito inerente às pessoas humanas, como sobreviverá a humanidade?


Quanta solidão será vivenciada?


Quantas novas síndromes surgirão, atrasando ainda mais as ciências psicológicas e, consequentemente, a busca do equilíbrio das emoções?


Ou, talvez, que também pelo caminho do faz de conta será o futuro das ciências psicológicas, sociológicas e todas as ógicas que envolvam o ser humano?


Reconheço que sequer posso arriscar um palpite, preferindo ficar, como estou agora neste instante de vida plena, apenas exercitando o meu direito sagrado em ser alguém que ainda gosta de um abraço apertado, ah!, de um beijo carinhoso e de um olhar fraternal, e muito feliz pois ainda encontro quem me queira oferecer toda esta maravilha que nós, pequenos seres notáveis, desenvolvemos ao longo de nossa história universal.


Particularmente, tenho a impressão que seremos definitivamente frutos de árvores produzidas em laboratórios publicitários, agindo e pensando tão somente de acordo com o mercado consumidor.


Bem, até lá eu já morri, estarei longe de tudo isto!


Sei lá… de repente, morrer é tão somente mudar de forma corporal, vai que eu volte uma árvore de cidade grande ou um jacaré de cativeiro, ou até mesmo outra mortal qualquer.


Não ter o que fazer neste amanhecer de fim de ano, dá nisto!!!!!!!!!


E é com o espírito de um ser humano muito grato por estar vivo, cercado de amor, que eu desejo a todos que, de alguma forma, dividiram instantes comigo, um 2010 repleto de intenções amorosas uns com os outros.


Beijos, Regina.

2 comentários:

  1. Olá Regina,Tenho aproveitado meus minutos de folgas nestes dias finais para ler erefletir acerca do que escreve.São maravilhosos os textos produzidos. Há muita coerência ecorrelação com o nosso cotidiano. Tenho refletido bastante.Que o 2010 te traga muito mais SABEDORIA, PAZ, SAÚDE, SUCESSO E PROSPERIDADE.

    Com carinho,
    Nieta

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  2. Querida Nieta,
    Obrigado pelas lindas palavras de carinho, entretanto, você é que é merecedora de aplausos pela coragem e determinação, aliados a um talento de primeira, por criar e manter um ensino de excelência em um local onde a carência de todas as ordens é imensa e o comprometimento com a educação por parte dos orgãos públicos, municipal e estadual, é no mínimo timida e pouco eficaz. Parabéns pela sua luta e pela coerência em não abrir mão do que considera o melhor a ser oferecido a seus alunos. Que Deus, através de sua ética pessoal, continue atuando no ano que em horas estará começando, e obrigado pelo apoio silencioso, mas constante, que nos tem sido oferecido através das publicações no Variedades, permitindo, assim, mês a mês que esta idealista senhora exponha seus ideais de vida mais harmoniosamente decente e amorosa no convívio social.
    Beijos de Regina e Roberto.
    Feliz 2010!
    OBS: Dê um beijinho carinhoso em sua sempre eficiente e simpática Irmã.

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