quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Convivendo

imagem: religareterapias.files.wordpress.com

Em meio às atividades cotidianas, somos levados pelas circunstâncias, seja de trabalho ou mesmo de simples e corriqueira convivência, a conhecer ou apenas tratar com uma gama imensa de criaturas, absolutamente diferentes, o que para mim é muito gratificante, na medida em que posso descortinar em cada uma delas mais e mais facetas da personalidade humana, o que enriquece e ao mesmo tempo reafirma o meu entendimento quanto a total inadequação em que a criatura se encontra no convívio consigo mesma e com os demais de uma forma totalmente desnecessária se pudesse ter o entendimento de suas reais necessidades, sejam elas emocionais ou puramente sistêmicas, conhecimento que daria a criatura a palpável sensação de paz interior, aliviando todos os riscos de tensões desnecessárias, que afinal são acumuladas em uma absorção aleatória, sem qualquer critério seletivo.

No decorrer de minha longa pesquisa, tenho buscado o reconhecimento de cada uma das emoções manifestadas pelas criaturas observadas, procurando associá-las à outras, pois reconheci, em dado momento, tratar-se em muitas ocasiões da mesma, só que travestida de novas roupagens, que podem ser enganadoras ao leigo ou ao distraido. Se bem que em algumas ocasiões percebi que, em determinadas circunstâncias, cria-se uma espécie de simbiose, onde ambas as criaturas recusam-se a admitir estarem detectando o reconhecimento das camuflagens e, como se estivessem em um bailado cênico, permanecem acreditando estar representando os seus papéis sabiamente, quando na verdade por uma razão qualquer associada ao comodismo ou simples esperteza se deixam envolver conscientemente neste jogo de imensas perdas de qualidade de vida como um todo.

Portanto, não é de se estranhar a falência esmagadora nos relacionamentos de qualquer natureza, ficando, em dados momentos, aqueles nos quais uma das partes recusa-se a jogar com os mesmos recursos, permanecendo tão somente em uma espécie de reserva, que ao contrário de ser producente a ela, tão somente oferece ao outro uma falsa harmonia, o que em nada pode ser considerado como estável ao contexto.

Conviver dentro de um parâmetro harmonioso é, acima de tudo, não abrir mão de suas próprias realidades, adequando-as ao contexto geral sem, no entanto, esmaga-las ou sufocá-las em prol desta ou daquela conquista sistêmica em detrimento da estabilidade emocional. Se isto estiver ocorrendo, é sinal de que esta havendo uma invasão de valores destoantes da realidade da criatura e é preciso que ela não desconsidere e reavalie os seus quereres.

O sistema estimula por todo o tempo a um consumo desregrado e disassociado de uma realidade Através de apêlos cada vez mais elaborados com a finalidade única de convencimento, induz a criatura a querer isto ou aquilo por todo o tempo de forma direta ou indireta e esta, desprotegida, pois não tem qualquer controle sobre si mesma, se permite envolver e convencer, crendo sinceramente que se não conseguir obter aquele item oferecido, ela não será feliz ou não será respeitada pelos demais, fazendo desta postura pra lá de irreal à sua natureza e ao seu equilíbrio como pessoa, uma verdade a ser mantida a qualquer custo, sem se aperceber do caos que paulatinamente vai tomando conta de sua vida.

Existe um ditado popular que diz: “Tudo na vida tem um preço!”.

Todavia, avaliar este preço em comparação as benécias, assim como a necessidade real das mesmas, é fundamental, como primeiro passo para toda criatura que verdadeiramente queira suavizar o seu vivenciar, livrando-se da pressão constante em ter em detrimento do direito em ser.

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