sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

APENAS PIPAS COLORIDAS

No dia 24 de setembro de 2009, descrevi através de uma crônica toda a emoção que senti ao longo de seis horas em que eu estive de pé, na maior parte do tempo, aplaudindo a cada vereador que erguia sua voz contra o abandono em que Itaparica foi exposta no decorrer dos meses anteriores, por parte de uma gestão que se mostrou sem qualquer compromisso maior com o povo, que no mínimo o elegeu.
Hoje, quase três meses depois, volto a me emocionar, chegando a pensar que, de desgosto, teria um infarto ao constatar sem dó e sem piedade que sou uma abestalhada contumaz, absolutamente fora de uma realidade sistêmica onde certamente não há lugar, a não ser para ser usada, ou como boi de piranha ou como inocente útil, em um contexto que chamam de política, mas que na realidade é o resultado amargo e cruel da educação e do respeito cidadão que foram se perdendo ao longo dos anos, onde a banalidade se instalou, formando a morada da falta de respeito público, sob os auspícios de um judiciário no mínimo omisso, amparados por um povo inerte pelo desconhecimento de seus direitos e acomodado demais aos seus próprios interesses, perdendo, então, o foco da avaliação do custo benefício de sua alienação também contumaz.
Confesso que senti orgulho de estar presente na casa da cidadania em tão inesperada e surpreendente postura legislativa, após décadas de um ostracismo histórico, ficando cega à minha própria experiência pessoal de, também em décadas, jamais ter visto cobra voar, a não ser através de PIPAS coloridas enfeitando os céus.

imagem: utilidadespublicas.files.wordpress.com

Que pena meu Deus !
E pensar que poderia tanto ser feito em prol de nossa cidade e deste povo tão bonito e necessitado de atenção.

E aí, penso neste momento de grande desilusão, no tudo que estamos perdendo, no nada que poucos estão ganhando se comparado ao inferno que todos nós estamos semeando, quando permitimos que se destrua o presente e as pespectivas de um futuro de crianças e adolescentes, tendo como adversários as drogas e a violência que, atreladas, já mostram também sem dó ou piedade à que vieram.
Volto a lembrar daqueles não menos abestalhados, como eu, que por idealismo em crer ser possível resgatar dias melhores para o nosso país, tombaram para nada na ponta das baionetas, na fúria da ganância, no egoísmo da ignorância.
Que os recursos das obras tão necessárias à cidade que não serão feitas, ao menos sirva para comprar mais grades pra proteger nossos ilustres políticos em suas novas aquisições, dos bandidos que ora ajudam a formar com suas posturas de conveniência individual.

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