...depois de dias banhados pela chuva intermitente, poder acordar com os pássaros ainda pela madrugada, eufóricos, me leva a pensar que talvez, esta venha a ser uma manhã iluminada pelo bendito sol.
Saudades de seu calor, fazendo suar o meu corpo...
Olho para o horizonte e lembro daquelas manhãs cariocas em que rogava a Deus que o sol aparecesse para eu poder ir à praia, pura infantilidade em achar que Deus, não tinha o que fazer e estava a minha disposição, pelo menos, este era o argumento de minha mãe, nas vezes em que me viu debruçada no peitoril de alguma janela olhando para o céu, suplicando a sua intervenção, tudo muito teatral, bem ao meu estilo que, de vez em quando, dava certo e então, orgulhosamente sorrido, respondia; viu mãe, Deus gosta de mim!
Pois é... Gostou tanto que ao longo de minha vida, não mediu esforços para atender as minhas muitas excentricidades, provavelmente por eu, sem falsas cerimonias, tanto dizer sem pudores que o amava, quanto, cobra-lhe brava pela demora em atender as minhas expectativas ou por não estar atento, afim de evitar as minhas perdas. Todavia, minha devoção e confiança nele, sempre foi ilimitada, sabedora consciente de que, se perdia ou se ganhava, sua presença em mim, estava garantida, alisando na dor o meu coração e inspirando-me nas alegrias, como agora em que olhando para o céu acinzentado, sorrio por poder senti-lo através das leves brisas que me abraçam também, sem qualquer cerimonia, garantindo-me que com sol ou chuva, este dia será único, bonito e absolutamente completo de realidades e perspectivas.
Regina Carvalho- 7.5.2025 Itaparica
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