quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

AIS DE PRAZERES...

São quase sete e trinta desta manhã menos ensolarada e consequentemente, menos quente, permitindo que as aragens frescas adentrem pela janela e me refresquem o corpo e as ideias, afinal, desde as seis,  tento conseguir uma música que se adeque as minhas necessidades sensitivas desta manhã, mas somente neste instante, redescubro uma sequência suave e inspiradora em “Whiskey Jazz • Best Soft Jazz for Cocktails and Dinner”, já ouvida em milhares de outras ocasiões e que me  permite descrever as delícias que minha ou minhas camas sempre me proporcionaram.

No entanto, apesar de adora-las, só nelas me deito para literalmente dormir no final de cada dia, não abusando de seu acolhimento em momentos inapropriados, como por exemplo, fazer a sesta após o almoço ou a qualquer momento em que a preguiça me invada, afinal, ela é meu trono sagrado e precisa estar cheirosa, limpinha e alisada a minha espera no final de cada dia.


Este foi um hábito que negligenciei com a chegada de meus filhos, fazendo delas suporte para mil e uma utilidades em relação a eles, inclusive acolhe-los entre Roberto e eu para que adormecessem entre nossos calores amorosos.

Ontem à noite, como ocorre desde que me conheço como gente, sentei-me na beirada e alisei meu travesseiro, enquanto, pensava no quanto, era grata por ter a minha disposição todo aquele aconchego.

Bobagem?

Não pra mim, justo por reconhecer a grandeza do aparente comum e banal em sua fundamental importância, quanto ao determinante da qualidade de minha vida. E a cama, foi sempre aquela “parceira” silenciosa que me permitiu relaxar por toda a minha vida, mesmo naqueles dias em que tudo, não poderia ter sido pior.

Bendita cama onde sempre encontrei o necessário repouso, bendita cama que presenciou eu ter me tornado mulher, ainda quase uma menina de dezessete anos, benditas camas que compartilhei por 54 anos com o mais cheiroso e amável dos homens, impregnando-as com nossos ais de prazeres, benditas camas, onde ninei meus adoráveis dois filhos, benditas camas que manteve em secreto meus sonhos, bendita cama que em um certo dia, dormirei o sono eterno.

Nada me importa mais que nela deitar, levando comigo, o quanto ainda, desejo na manhã seguinte, acordar.

Regina Carvalho-30.01.2025 Itaparica

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