segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

DOMINGO ENFADONHO

São dezoito horas e ainda existe a luminosidade de um dia de verão preguiçoso e sem qualquer pressa de ir-se, enquanto, os bem-te-vis, mais barulhentos que de costume, serpenteiam agitados em voos razantes cruzando o jardim, talvez, assim como eu, estejam desabafando cada qual, a seu modo, o calor que os consome.

Até quando, este calorão abafado irá nos sufocar?

Penso no quanto neste horário o pôr do sol deve estar fascinante na orla, afinal, de onde estou, posso enxergar as faixas amarelas em tons variados riscando o horizonte, nesta fase minguante e decrescente da lua.


Curiosa, fui buscar a fase da lua de meu nascimento que ocorreu numa segunda-feira, cuja lua era cheia que ao contrário da minguante, influencia as pessoas a buscarem novas e surpreendentes empreitadas, geralmente caracterizadas como impulsivas, enquanto, a minguante lunar é o movimento de recolhimento e diminuição de energia.

Pronto, enquanto “parlava” sobre as fases da lua e seus efeitos, a noite chegou, os pássaros se calaram e eu, consegui engambelar alguns minutos deste domingo como tantos outros que simplesmente para mim, não deveria existir no calendário, talvez quem sabe, reprisando uma sexta ou um sábado, onde na maioria das vezes a descontração é a meta e até mesmo, uma segunda, que significa recomeço, eliminando de vez este domingo enfadonho e sem perspectivas. 

No entanto, se está ruim pra mim, imagino a turma dos veranistas e turistas na fila do retorno à Salvador, tendo de esperar horas para embarcar, isso é que é fechar com ferrolho enferrujado os dias de prazeres vividos em nossa Ilha encantada, levando nos braços ou nos porta malas, meio sonolentos ou semi embriagados, a família cansada e irritada entre boias e travesseiros, ventiladores, periquitos, cães e papagaios, num ritual atroz que a mente esmaga com o conformismo de que, “a vida é assim”.

Regina Carvalho- 26.01.2025 Itaparica

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