Acordei com a minha mente repetindo incessantemente, parecendo um disco arranhado (aqueles de vinil), quem se lembra ou já viu?
“Quanto mais íntimo ficamos com a morte, mais atentamente descobrimos as delícias da vida”.
Será por esta razão que a maioria das pessoas, depois de receberem um diagnóstico médico condenatório, sobreviverem a acidentes aterrorizadores ou terem sido expostas a algum risco fatal, descobrem emocionadas a vida, indo de repente busca-la de forma compulsiva e algumas, ainda descobrindo que dentro delas, habita um fabuloso Deus?
Penso então, que a mente num paradoxo expressivo, imediatamente, como consolo e tábua de salvação, se opõe aos hábitos predominantes e reage de forma instantânea, dando expressão prioritária ao que sempre esteve à sua disposição e que, por motivos mil, não achava tempo e motivação para considerar na sua real importância.
Essa fabulosa transformação de visão, ocorre como um tsunami de emoções que em milionésimos de segundos, é capaz de levar a compreensão do quanto, se foi estúpido e alienado em não perceber o que existia e que passava sem que, fosse usufruído na sua devida importância e o que é ainda mais grave, o quanto, muitas vezes, foi buscou longe, o que sempre esteve ao alcance da tão somente, atenção.
Essa premissa, se adapta a qualquer situação vivenciada pela criatura humana, mas jamais na intensidade que se possa comparar ao absurdo constatado, quando, a morte se apresenta como viável, real e palpável.
E aí, penso entre um gole e outro do meu pingado desta manhã de final de outono; da necessidade em chegarmos bambos e enfraquecidos à beira do abismo, para descobrirmos as delícias e seguras caminhadas em terra firme?
Bem melhor seria caminharmos conversando com a morte, sem teme-la, apenas, respeitando-a, mas irresistivelmente, apaixonados pela vida, extraindo dela, o suco de seu bagaço, como se fosse uma espiga deliciosa de milho que adoramos saborear, principalmente, no mês junino que ora adentramos.
Bom dia e que os santos juninos, representem mais que orações, danças, comidas e folguedos, mas também, despertamentos para o tudo de bom que a vida oferece e que, só depende de nós, para ser apreciado, substituindo os tolos paradoxos pela bendita coerência existencial.
Regina Carvalho- 04. 06.2024 Itaparica
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