Não sei se sou esquisita ou se nasci com alguma deficiência que, jamais me permitiu, enxergar algo, apenas superficialmente, precisando sempre ir mais além nas minhas observações, afinal, os meios no meu entender, jamais puderam justificar fosse lá, quais os fins, desde uma comemoração pontual de um Natal ou Páscoa, até as construções monumentais que para existirem, precisaram ceifar uma infinidade de seres humanos, guerras que se sucedem, indiferenças que flagelam, e ao mesmo tempo, aqueles que as defendem de um lado ou de outro, batendo nos seus peitos, acreditando que os mesmos, trucidados ou que determinam seus trucidamentos eram e são milagres de Deus.
Como é possível crer-se em Deus, se o mesmo é renegado nas mais básicas ações pessoais?
Que raios de milagres são esses que se matam e se ferem a cada milionésimo de segundo, por todo este mundo que por ele, foi criado, mas deixado à mercê da própria sorte?
Qual grandeza há de existir, além de uma estética esculpida com a dor e o sangue de infinitos milagres?
Que benevolência e visão histórica podemos conscientemente enaltecer, se para existirem, a vaidade, a loucura e o narcisismo, foram sempre os mais poderosos instrumentos a ergue-los, desafiando e vencendo as do criador da vida que passivo e em constante derrota, exige fé e promete mudanças com sua presença, nunca cumpridas?
O Deus que nos deixa viver e cultuar, sem critérios avaliativos, apenas o que nos convém...
Somos e aperfeiçoamos, tudo quanto, somos capazes de nos imaginar vencedores, seguimos padrões dos costumes e modismos vivenciais que nos convém, cegamo-nos para o tudo quanto, nos faz enxergar o falso milagre que representamos e nos agarramos a um Deus, bem moldado as nossas prioridades, afim de que, possamos fingir que está tudo bem...
Enquanto, pessoas são explodidas pelas bombas das insanas guerras dos poderes, enquanto, os G20 se reúnem entre o caviar e o champanhe, enquanto, pessoas estão sendo soterradas nas lamas da ganância, enquanto, mulheres forem trucidadas em nome do amor prepotente e do preconceito, enquanto, a indiferença, a fome e a miséria, ditarem o destino da maioria da humanidade, deixando as mídias explorarem as opções sexuais, as bundas mais durinhas e os paetês dos brilhos falsos, assim, como os resgates históricos, numa pontualidade enganadora, já que as bases para as reais mudanças, continuam inalteradas a partir das bases constitucionais de formação da criatura humana, tendo em conta pelo menos, de um a cinco versículos da grossa bíblia, fazendo deste best-seller, um manual de real senso humanitário, creio que permanecerei cética, quanto ao fato de me sentir como um milagre de Deus.
Todavia, olho através da janela e vejo o sol pleno aquecendo pássaros e o tudo mais, induzindo-me a sorrir e a me sentir um milagre, porque, além de enxergar, tocar e sentir o tudo mais, ainda, sou capaz de pensar e esta característica, cada vez mais escassa, incomoda, pois, trata-se de um adendo pessoal de alto risco.
Marielle Franco, Martin Luther King , Dom Phillips e Bruno Pereira e uma lista sem fim de tantos mais, na História da Humanidade, mundo afora, que o digam...
Regina Carvalho- 15.06.2024 Itaparica
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Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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