Quando escrevo
sobre as inversões de valores que venho acompanhando nas últimas décadas nos
relacionamentos de qualquer natureza, há quem diga ou pelo menos pense que, na
realidade, não estou aceitando as evoluções
de hábitos e costumes.
Então, de
certa forma, mesmo calada sou obrigada a concordar no tocante a aceitação, pois
tem sido muito difícil admitir certas posturas, formas de agir que foram tomando
conta dos cotidianos e transformando o conviver de uma maneira quase brutal.
Constatar a
falta da elegância mínima nos relacionamentos, a quebra bárbara das tradições
de todas as ordens, o desmoronamento da ética e a desqualificação das
hierarquias tão necessárias para a manutenção dos limites dos direitos e
deveres individuais, a banalização das autoridades, colocando rasteiro o que
dantes significava pilar sólido da estrutura social, enfim, confesso que não
tem sido fácil conviver com o politicamente correto em detrimento da liberdade
de ser e de querer ou simplesmente de apenas dizer, gosto ou não gosto.
Pois é...
Será que sou a única a sentir o peso de uma
sociedade que muda seus valores de forma sistemática e instantânea sem sequer
oferecer um tempo para que sejam assimilados?
Será que
também sou a única a se horrorizar com o desmoronamento da ética, da decência e
dos bons costumes ou na realidade sou mais uma retrógrada, fingindo-se de
filósofa para tão somente camuflar a incapacidade adaptativa?
Por
enquanto, ainda não tenho a resposta, pois tudo que sei e sinto é que me
envergonho por ter que conviver no meu dia-a-dia, como se normal fosse com o ridículo, o ilógico, o afrontoso e muitas
vezes o desumano.
De ter que
achar graça e sorrir da vulgarização dos benditos valores que me trouxeram até
aqui, me fazendo acreditar que a vida é bonita, é bonita e é bonita...
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