Comparo a situação crítica com a qual estamos convivendo nos
últimos dias em Itaparica, agravado pelas chuvas, a copos de água que se
derramam naturalmente, devido única e exclusivamente a não observância durante
décadas de que há um limite para todo e qualquer excesso, que no caso
específico de nossa linda e prazerosa cidade, foi justo o abandono no qual ela
foi deixada durante décadas.
Foram muitas as razões que levaram a este abandono e, nem
sempre, poder-se-ia dizer que foi por todo o tempo por motivos torpes.
Vivendo e convivendo diariamente com todos os níveis sociais
de nossa cidade, com ou sem inerências políticas, até porque, sou antes de tudo
uma estudiosa das posturas sócio emocionais, fui percebendo que havia se
instalado uma espécie de acomodação, provavelmente, induzida até mesmo pela
tranquilidade bucólica, associado a ineficácia de uma hierarquia mais
esclarecida e, ao mesmo tempo, decidida a um progresso com perfil mais amplo em
relação as questões de preservação sócio ambiental, diretamente ligadas a
qualidade de vida de cada cidadão, sem deixar de mencionar, um crescimento
migratório desgovernado e uma falta total de real interesse não só dos governos
estaduais, como dos esclarecidos veranistas que por aqui repousavam em suas
férias anuais, muitos deles, membros efetivos
de cargos públicos de relevância.
Houve uma acomodação geral, assim como um total alheamento
do povo, alguns por medo, outros por conveniência imediatista, mas a grande
maioria por total desconhecimento de sua própria condição de ser humano.
Provavelmente, existem argumentos acadêmicos e sociais para
descreverem e explicarem a situação de favelamento que se instalou em Itaparica,
independentemente de haver locais pontuais para que exista, como ocorre em
outras cidades, pois por onde se ande, alguma forma de desastre ambiental é
possível de ser observado com as suas mazelas atingindo diretamente as pessoas
que habitam nos locais.
Pois bem, agora, a coisa ficou feia, até por que, existem
pessoas e meios de comunicação que estão mostrando, cobrando soluções e, no meu
caso específico, levando a população, através primeiro do Jornal Variedades nos
últimos 9 anos e desde dezembro de 2011, através da Rádio Tupinambá, mais que
denúncia, insistimos em oferecer esclarecimentos, para que cada leitor ou ouvinte
possa ir criando um espírito crítico, não para se inserirem nesta ou naquela
condição partidária política, mas para observarem o universo comunitário em que
se encontram, buscando soluções através da participação inteligente e saudável
entre seus vizinhos e o poder público.
Impossível, esperar-se que esta ou qualquer outra gestão em
passes de mágica possa resolver todos os problemas que foram se acumulando nos
copos das décadas de abandono, com raras e preciosas, mas mesmo assim, ainda
fracas administrações.
Continuar usando a população com promessas miraculosas a
cada quatro anos, aí sim é crime de lesa Povo, omitir-se, calar-se, vender-se
ou esconder-se, quando existe conscientização das prioridades emergenciais,
isto sim é pernicioso e destrutivo, assim como, atacar sem uma finalidade
concreta, clara e objetiva que não seja tão somente de cunho ambicioso/
político mais ainda.
Nestes instantes de profundo sofrimento da grande maioria do
povo, falta amparo mínimo emocional, carisma intencional em verdadeiramente estar
buscando pelo menos um ato contínuo à boa vontade administrativa. Falta
presença, força tarefa, amparo imediato, falta humildade e calor humano, passos
básicos e prioritários para que as pessoas, partidárias ou não da atual gestão,
a ela estendam seus olhares sofridos de respeito e compreensão pelo fato
simples de que o tempo em dobro é necessário para se arrumar o mal feito ou mal
planejado.
Somos habitantes de uma cidade pequena com seus encantos e
desencantos de interação social, mas acima de tudo, precisamos ser inteligentes
para percebermos que unidos conseguiremos o melhor para cada um, princípio
também básico e prioritário de vida em comum.
Pense nisso, antes de se sentir ofendido, agredido e
afrontado, pense no lixo que durante décadas esteve à sua porta e você sequer
quis enxergá-lo. Portanto, tal qual cada administração, você com a sua
cegueira, inércia ou pouco caso também é responsável por todas as mazelas que
do copo bendito de Itaparica, hoje se derrama.
Que tal, mudar de postura por amor e respeito a si próprio e
ao tudo mais?
Que tal, dar-se as mãos sem preconceitos em prol do amor que
todos, afinal, dizem sentir por Itaparica?
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