Ontem, fui a
uma reunião na comunidade de Ponta de Areia, onde o Prefeito Raimundo da Hora,
atendendo a um pedido do vereador Lula, iria comparecer com o objetivo de
notificar pessoalmente aos moradores quanto das providências a serem tomadas em
relação aos problemas locais, que se acumulam há décadas e agravados pelas
últimas chuvas.
Surpreendi-me
com a escassez de participantes, já que é um bairro populoso, assim como na
mesma proporção são as pessoas atingidas pelos problemas ali existentes.
Enquanto
estive presente, pois precisei sair cerca de 40 minutos antes do término da
reunião, apenas três senhoras falaram e um senhor, no mais, todos apenas
ouviram, o que não é de todo mal, mas que deixa a desejar, uma vez que
necessário se faz nestas ocasiões a busca do esclarecimento de suas próprias
dúvidas, para in loco com a autoridade, nem sempre disponível, esclarecer
dúvidas que fomentam em sua maioria fofocas e disse-me-disse sem fundamentos.
Devido ao
número expressivo de descontentes que circulam desde as eleições, inclusive
muitos, aludindo que nada tem sido feito e etc. e tal, em nítida insatisfação,
imaginei uma superlotação, por isso cheguei até mais cedo, pois acreditei que,
do contrário, não conseguiria lugar adequado para assistir a tão esperada e,
também imaginei, desejada reunião.
Convenci-me
então, confesso bastante decepcionada, que a falta de cidadania se mescla a um
desconhecimento gritante do sentido de prioridade individual, com um
partidarismo inconsequente de “lesa a si próprio”, que lei específica não
existe que puna, mas que deveria existir, pois o conjunto individual de atos
inconsequentes gera mazelas, que se perpetuam atingindo a todos sem distinção.
Insisto
neste ponto, pois, não posso admitir em minha mente consciente que possam
existir dois pesos e duas medidas entre o certo e o errado, o bem e o mal.
Ou seja:
- Em uma
disputa política, onde o foco a ser conquistado seja uma minúscula cidade do
interior, onde as pessoas se conhecem desde sempre e se esbarram por todo o
tempo, não pode existir a omissão dos líderes de qualquer natureza quanto às questões
que eles dizem defender quando nos palanques e reuniões em época de política,
pois em se tratando de lutas comunitárias de busca de direitos, principalmente
de cunho humanitário, não cabem barreiras de contenção estética partidária ou
de qualquer outra natureza, uma vez que o bem individual deve caminhar
concomitantemente ao bem comum.
Senti falta
das vozes eloquentes e apaixonadas dos partidários da candidata Marlylda
Barbuda e dos do candidato do senhor Zezinho da Politur, pois juntos, “Por amor
a Itaparica”, somaram mais de seis mil e oitocentos votos e que possuem grande
representação desta votação na comunidade em questão que, inclusive, é onde
resido a cerca de 11 anos.
Onde estavam
os vereadores que se elegeram graças também aos votos daquela comunidade?
Onde estavam
os entendidos dos bares das esquinas, dos guetos e dos acordos de boca de urna?
Disseram
alguns a mim, não valer a pena.
Penso então,
o que poderá valer mais que o valor de sua própria qualidade vivencial?
Volto a pensar
então que não estou errada quando insisto que a educação é o único meio real e
consistente para que se forme o senso crítico e o sentido individual de
universalidade, onde o individual só se completa através do coletivo.
Colocar-se
nas mãos de um Juiz o destino de uma cidade é no mínimo uma temeridade digna
dos anais da ingenuidade brasileira.
Colocar-se
nas mãos de um candidato a salvação de nossas searas é, no mínimo, outra inconsequência,
pois afinal, somos cada um de nós os únicos elementos capazes de fazer
verdadeiramente acontecer, através de nossa perseverante participação na defesa
de nossos direitos e no cumprimento de nossas obrigações, direcionando assim,
os rumos que os gestores e políticos em geral devem seguir.
E isto, não
se conquista através da veneração cega e leiga, do oportunismo irresponsável ou
do medo sufocante, mas através dos entendimentos das questões aflitivas e
constrangedoras que assolam nosso universo pessoal.
Saí
frustrada, porque também constatei nas falas que se seguiram dos moradores
presentes, apenas, com raras exceções, o brilhar mais forte do oportunismo
primário que ofende a inteligência e magoa a alma.
Como explanei
brevemente antes de minha retirada, nada de consistente se alterará no contexto
grotesco que se apresenta em relação ao lixo, a lama, os ratos, a dengue, as construções
irregulares, a falta de fiscalização séria e capacitada, enfim, a total falta
de qualidade de vida que a realidade local apresenta, independentemente dos
recursos financeiros que cada um possa ter se não houver um trabalho educativo
e agregativo entre o poder público e os moradores, para que ambos possam nas
suas atribuições, conviverem em harmoniosa e interativa inteligência cidadã,
onde o dar e o receber tenham acima de tudo, olho no olho, lógica e respeito.
Pense nisto,
antes de reclamar e condenar.
Pense nisto,
antes de aplaudir e acreditar.
Pense nisto,
enquanto se mantém omisso.
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