Não importa o quanto tenhamos estudado, ainda assim, somos muitíssimos desligados de alguns aspectos básicos das condições humanas e logísticas de habitat.
Esta quase alienação é reforçada através da escola que nada a respeito aborda, deixando crescer nossos conhecimentos didáticos, mas mantendo um lúdico a respeito de tudo e de todos que não se encontram em nosso universo periférico.
O conceito que formamos a respeito do modo de ser, agir e viver das pessoas que habitam em outros países e até mesmo em outros estados é baseado tão somente em patamares ilusórios e mesmo frente a tantas informações instantâneas, ainda não somos capazes de criar um senso real.
E se colocarmos o passado em termos avaliativos e comparativos à nossa própria realidade, sempre nos veremos surpresos e até estarrecidos em constatar o como somos e vivemos em relação ao como são e vivem.
Se formos mais adiante e pensarmos no que foi suas vidas antes da chegada dos meios de comunicação e locomoção, aí é que a nossa ficha começa a cair e passamos, então, a considerar o momento presente destas criaturas e de seus habitats com mais consciência e entendimento quanto as suas posturas e formas de ser e de agir no aqui e agora.
Portanto, não pode haver um estudo sério da história sociológica de um povo de um determinado local se não houver também um aprofundamento comparativo destes locais com os pólos centralizadores do poder, que podem estar até relativamente próximo ou muito distante.
Por sua vez, estes pólos regionais que passaram a ser desenvolvidos em alguns aspectos, precisam ser avaliados em relação ao pólo Estadual e este ao Nacional e, portanto, em uma escala de graus de desenvolvimentos gradativos, vai-se traçando um perfil que, certamente, se nos fosse repassado enquanto estudantes da História evolutiva de nosso país, teríamos uma noção de política social mais simples e lógica.
Estes conhecimentos nos direcionariam a um entendimento muito mais sensato e real de nossa própria condição em relação as nossas opções políticas, carreirista e tudo o mais, levando-nos aos entendimentos quanto às opções ou a falta ainda delas em meio a um relativo desenvolvimento que passou a existir de fato. Afinal, não se tem em local algum, real noção de como usá-las.
A exemplo disso, está qualquer lugarejo que até há determinado tempo, até mesmo recente, não dispunha de telefone, hospital, estrada e, conseqüentemente, meio de transporte rápido e eficaz, escolas, postos de saúde, televisão, etc.
Ficamos nos perguntando, por que nesses locais as pessoas permanecem passivas diante de recursos deficientes, pois é notório o descaso das autoridades públicas, quando eles sabem que poderiam ter os mesmos em condições satisfatórias.
Na realidade, eles não enxergam assim, pois se observarmos que antes eles não tinham nada e passaram a ter e, portanto, sentem-se gratificados por estar recebendo tais benefícios ou parte deles, não existindo parâmetros comparativos reais, apenas ilusórios que são vistos através da mídia, mas que jamais fizeram parte de seus universos locais.
Ora, em um país absolutamente complexo como o nosso, não há como se surpreender com a gama imensa de diversificação logística e naturalmente conceitual quanto a esta ou aquela visão progressista. Contudo, estamos sempre nos surpreendendo, inclusive, mantendo um enorme preconceito e olhando estas criaturas como “algo inexplicável ou surreal”, mas acima de tudo menores, como se estivéssemos acima delas como criaturas humanas, quando na realidade estamos tão somente em uma escala educacional mais progressista, com uma gama maior de ofertas, devido a localização de nossos habitares.
Por outro lado, podemos estar muito próximos de núcleos cujos desenvolvimentos parecem não fazer nenhum efeito sobre as pessoas que o habitam, podendo ser até mesmo vizinhos de bairro ou rua.
A explicação é um atavismo que se enraizou e, até mesmo por proteção, se concentrou naqueles núcleos e que são repassados através das posturas aos descendentes, criando uma casta isolada que não se insere além de seus conhecidos e seguros aspectos vivenciais.
Alterar-se este hábito sistêmico, só poderá acontecer através de uma escola abrangente e humanamente solidária que congregue todos os aspectos de sua comunidade quanto aos direitos e deveres, fazendo com que interajam suavemente em uma cidadania igualitária, respeitando as origens, fazendo delas modelos a serem interligados, mas acima de tudo entendidos por todos.
Afinal, todo e qualquer preconceito advém principalmente da ignorância que se tem em relação ao preconceituado. Portanto, se nada sei além do que vejo ou ouço de forma leviana, como posso traçar parâmetros avaliativos que não estejam deturpados por um preconceito já existente?
Não preconceituar, também não significa aprovar, apenas respeitar, frente ao entendimento do que se trata.
Para que haja o sentido exato quanto ao ato primário em optar-se em relação a qualquer coisa, primeiro, tem que haver-se o conhecimento e, em seguida, o entendimento.
Este mesmo desconhecimento é que nos leva a superestimar todo e qualquer estrangeiro que encontramos em nosso país. Existe uma sensação surda, mas evidente em nossas atitudes, que nos leva a admirá-los ou invejá-los como se por serem oriundos de outros países, que nos são lúdicos e fantasiosamente perfeitos, eles automaticamente fossem mais que qualquer um de nós.
Desconhecemos o fato de que eles, sistemicamente, sejam mais ignorantes em vários aspectos, ou que apenas seja uma pessoa que esteja sentindo o mesmo que cada um de nós, agravado ao fato de se encontrar em um país estranho.
Se bem que nossa submissão é tão visível que logo deixamos que eles percebam o quanto nos sentimos diminuídos e logo reside uma inversão de valores e pode-se, então, vê-los ou ouvi-los falar mal de nossa terra e principalmente de nosso povo.
Vai-se lá fazer o mesmo e poder-se-á, assim, perceber o grau de civismo impregnado em cada um, esteja ele em qualquer rincão europeu, asiático ou norte-americano.
Essa percepção em solos estrangeiros é sim um gritante diferencial, mas que em hipótese alguma nos torna um povo inferior ou eles um povo superior, apenas representam um povo mais consciente de suas origens e mais respeitosos ao seu território de origem.
Torna-se necessário não esquecer que simplicidade, pobreza e atavismo, existem em qualquer local onde também resida as dificuldades, o despojamento ou o isolamento.
O apartheid que não seja oriundo de herança social capenga de um passado escravagista e sim atávico de núcleos distintos, existente aqui ou nos confins de qualquer local, é fruto da ignorância pela falta de informações continuadas, de indução à interagibilidade ou tão somente pelo grau de distância dos pólos progressistas que ambienta o isolamento e por conseguinte toda uma visão deturpada em relação a tudo o mais que esteja fora da realidade existente.
O mesmo, portanto, ocorrendo com a visão de quem estiver nos pólos desenvolventistas em relação a aqueles que não dispõem dos mesmos recursos.
Esta ignorância quanto ao outro e aos outros meios de sobrevivência sistêmica, gera os preconceitos básicos de segregação e, a partir daí, tudo o mais que se relaciona a este preconceito se transvestem de “N” roupagens e separatistas.
Este raciocínio que se transformou neste pensamento é oriundo de uma pequena viagem que fiz à cidade de MUTUÍPE e pela observância aos variados e exclusivos estilos e hábitos de vida que fui classificando à cada cidade ou distrito nos 200 km percorridos.
FANTÁSTICO!!!!
- Viajar precisa ser muito mais que ir-se a algum lugar.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
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