sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DEIXANDO O MEU PROTESTO

Acredito que pela natureza intensa de minhas atividades,seja natural eu estar sentindo, de uns tempos para cá, uma certa impaciência com tudo quanto me parece indelicado e fora de tom.
A cada dia sinto que as pessoas de um modo geral estão mais escorregadias,dissimuladas e absurdamente exclusivistas, e para uma pessoa amorosamente leal, esta postura é simplesmente brochante.
Minha reação imediata, ao perceber a camuflagem ou a desconsideração explícita aos meus olhos e sentidos experientes, sempre foi de uma imediata revolta, mas aos poucos fui aprendendo a respirar fundo e aceitar as pessoas tal qual elas se apresentam, sem, no entanto, dedicar um só instante a mais de meu precioso interesse, já que me é impossível conviver com qualquer tipo de grosseria, seja ela por pura ignorância ou mesmo aquela oríunda de um quase deboche com que as pessoas e as coisas nos dias de hoje são consideradas.
A banalidade, a falta de compromisso e o desrespeito tornaram-se absolutamente comuns nas posturas de qualquer um, ignorando-se o fato do desrespeitado tudo estar sentindo e entendendo, e aí, como esperar um convívio harmonioso se as vibrações emocionais são mais fortes que qualquer camuflagem de disfarce pessoal?
Fujo desesperadamente da possibilidade em me tornar um trator desgovernado, atropelando a tudo e a todos, pois isto não é difícil de acontecer, afinal a doença da inconsequência no trato com os demais, a ganância justificada no abuso disto ou daquilo em nome de qualquer benefício pessoal é altamente contagioso, e novamente digo, CRUZ CREDO, sai prá lá azar, pois nestes tantos anos de vida, jamais conheci alguém que, sendo assim, verdadeiramente usufruisse de uma gota de paz, e a verdade está ai, para qualquer um comprovar, nesta selva sem limites que se transformaram os relacionamentos de quaisquer naturezas.
Mas quem neste rodamoinho se inseriu lá está pensando em paz?
Confesso então que ando sem paciência e como não sei lidar com este estado contemporâneo de molecagem vivencial, saio de cena, apenas lamentando o que se perde neste meio de caminho, pois de um instante para o outro, tudo se torna medíocre, pobre e sem perspectivas.
E para uma filósofa assumidamente apaixonada pelo zêlo social e pelas causas públicas, recolho-me silenciosa, deixando de lutar contra as marés das vaidades e dos oportunismos.
Imaginem vocês que, em meio a enormes desmandos que vem ocorrendo por toda a cidade, assim como a abusiva e constante invasão de lotes particulares em nossa Ponta de Areia, sem que uma só autoridade tome qualquer providência para coibir, agora, corre-se o risco de se perder um belíssimo terreno na beira do asfalto, a meio caminho da única praia verdadeiramente turística, pois tudo indica que a mesma será doada à uma instituição recém constituída com base religiosa que pratica "cirurgias espirituais" e que se diz de utilidade pública.
Este local deveria abrigar uma praça recreativa, assim como um museu da cultura Itaparicana, como por exemplo a casa do caboclo, justo por estar em ponto estratégico e poder vir a representar mais um ponto de atração turística.
Todo este absurdo é amparado por um vereador da região que, ligado a interesses pessoais ao casal responsável por esta instituição, se coloca no papel de lobista, indo contra aos interesses da cidade como um todo.
Apesar de cansada, deixo registrado o meu protesto e meu amor à toda esta beleza, nem sempre devidamente enxergada por aqueles que dela são filhos legítimos.
Eu, na qualidade de apenas agregada, peço socorro em nome de uma Itaparica, também visivelmente sofrida, que, silenciosa, vai perdendo o brilho, o viço, conservando tão somente a teimosia de permanecer esperançosa.

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